Opinião – Basta de terror e de hipocrisia!

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Francisco Queirós

Francisco Queirós

A Bélgica foi alvo esta semana de actos bárbaros de terror.

Pelo menos, o alvo que mereceu a atenção de todas as televisões e indignou particularmente os europeus. De facto, muitos outros são os alvos do terrorismo espalhados por geografias fisicamente mais distantes da Europa ou culturalmente diversas e por isso menos dramáticas para os europeus. Mas, o terrorismo não pára.

O terrorismo, quaisquer que sejam as suas causas, formas e objectivos, serve sempre as estratégias e os interesses mais reaccionários e sinistros. O terrorismo é inseparável, filho e pai de políticas de exploração e de opressão. O terrorismo rima com militarismo e guerra.

O terrorismo é também parente directo do cinismo e da hipocrisia. A história recente está cheia de pequenos grandes monstros criados laboratorialmente por governos e serviços de inteligência ditos civilizados. Sim! Importa questionar de onde vieram as principais organizações terroristas? Quem as impulsionou? Quem lhes deu apoio? Quem lhes vende armamento? Quem compra o petróleo do Estado Islâmico? Onde nasceu e quem o suporta? A hipocrisia é imensa. Houve quem andasse a brincar com o fogo, nalguns casos a experiência correu mal por erros de “casting”.

Noutros casos houve plena consciência do que se fazia. Ou será que a Arábia Saudita nada tem a ver com o Estado Islâmico? Será que os serviços secretos de Israel, dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais não promoveram e não apoiaram “bons bandidos” contra “maus bandidos”.

Hoje temos bombistas e terroristas que matam em África, na Ásia ou na Europa. São estes os filhos dos “bons bandidos”? Depois das bombas que todos (quase todos) condenamos com total veemência lá se apronta a extrema-direita, para cavalgando a morte e o terror, impor os seus intentos. Instrumentalizam-se genuínos sentimentos de indignação para a imposição de medidas de cariz anti-democrático. À boleia da indignação e do medo das populações, desenvolvem-se políticas desumanas perante o drama dos refugiados.

Políticas cada vez mais atentatórias de direitos, liberdades e garantias fundamentais. Promovem-se sentimentos racistas e xenófobos. A Europa devia ter vergonha! O fascismo espreita e engorda na Europa.

Os crimes do terrorismo não podem ter como resposta um ainda maior pendor militarista e intervencionista da União Europeia. Aliás, a história recente comprova que as guerras impostas pelo Ocidente aos Estados soberanos no Médio Oriente, no Norte de África e na Ásia Central só alimentaram o perigoso crescimento de forças e grupos reaccionários e xenófobos e da sua acção de terror.

Combater o terrorismo é urgente! Mas combatendo-se as suas mais profundas causas. Causas políticas, económicas e sociais. Nunca como antes, exige-se à Europa e ao mundo a defesa e a afirmação dos valores da liberdade, da democracia, da soberania e da independência dos Estados. O terrorismo trava-se também com uma política de relações internacionais de desanuviamento, de diálogo e de paz. Políticas internacionais baseadas na submissão dos povos e na anulação das soberanias fomentam o ódio e a guerra. Basta de terror, de cinismo e de hipocrisia!

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