Subida do Mondego leva enguias para o mosteiro de Santa Clara-a-Velha

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santa clara a velha

Enguias nadam pelos claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha e várias casas e estabelecimentos ficaram inundados na cidade depois de uma noite em claro, para habitantes e comerciantes locais.

Depois de quase um mês para voltar a ter o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha “seco” face às cheias de janeiro, o monumento volta a estar parcialmente submerso, encontrando-se pelos claustros “enguias e uma série de peixes”, disse à Lusa, neste domingo, a responsável da Direção Regional da Cultura do Centro, Celeste Amaro.

Na sexta-feira, Celeste Amaro tinha referido que daqui a um mês seria possível reabrir o espaço, mas com novas cheias essa tarefa é “impossível”, não conseguindo por agora prever uma nova data para reabertura do espaço.

Ao mesmo tempo, as esplanadas do Parque Verde voltaram a ficar submersas, bem como o espaço de golfe da Quinta das Lágrimas, enquanto algumas ruas da periferia estão cortadas ao trânsito.

Graciete, de 88 anos, agarra numa vassoura para tirar o lodo do passeio à frente da sua casa, uma vez que o pior parece que já passou.

“Já há muito ano que não via água aqui”, conta à agência Lusa a octogenária, que diz que as cheias já são “quase um hábito. Não é a primeira nem a segunda, nem a terceira”.

Apesar de a água estar a bater no passeio à frente da sua casa, perto da entrada para o núcleo do mosteiro, a situação não se assemelha com um passado longínquo, em que Graciete, o marido e os filhos tinham de saltar do 1.º andar da casa “para um barco”.

Maria José Nascimento, a morar numa casa com varanda virada para o mosteiro, teve uma noite em claro. “Nem dá para dormir com o medo”. Durante a noite de sábado para hoje, Maria José tomou dois comprimidos para se acalmar e seguiu “a proteger tudo”.

Na sua cave mostra o nível da água, que atinge cerca de 20 centímetros, com todos os objetos em cima de móveis. No quintal, com vasos e pequenas plantas parcialmente submersas, de pouco valeram as toalhas e sacos para conter a entrada de água pela porta. “A água entrou à mesma”.

“Nunca vi isto assim”, diz, desolada, de galochas calçadas.

Perto da casa de Maria José, Clarice Lopes e o marido também não tiveram tempo para dormir durante a noite: “se nos descuidarmos, o nível da água sobe”.

O casal vive em Oleiros, Castelo Branco, e veio para Coimbra no sábado, quando a sua filha, de férias, lhes ligou às 08:30 a pedir para lhe salvarem “o carro, com medo que ficasse alagado”.

“Deixámos tudo e viemos a apertar para Coimbra”, conta Clarice, que juntamente com o seu marido andam de volta de quatro bombas de drenagem para garantir que não entra água na habitação. Ali ao lado, uma vizinha “já só conseguiu sair de barco de casa”.

Na sexta-feira, Celeste Amaro tinha referido que daqui a um mês seria possível reabrir o espaço, mas com novas cheias essa tarefa é “impossível”, não conseguindo por agora prever uma nova data para reabertura do espaço.

Milton Dias, dono de um estabelecimento perto do Mosteiro, estava já a fazer investimentos para o regresso à atividade do seu espaço após as cheias de janeiro, quando voltou a ver mais de um metro de água dentro do local.

“Nem vale a pena usar as bombas”, sublinhou, visivelmente abalado, quase afónico e com duas noites “sem dormir”.

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