Opinião – E agora Aníbal?

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Fernando Serrasqueiro

Fernando Serrasqueiro

Terminado o ato eleitoral várias leituras são possíveis sobre os resultados apurados conforme os pontos de vista de cada posicionamento ideológico.
No entanto, há algo que é certo sobre a escolha dos portugueses, que é a necessidade de concertação entre os vários partidos, com o PS no centro das várias soluções.
O PS que ambicionava a alteração de política vê o seu resultado ficar aquém dos objetivos a que se propôs por erros próprios e por não saber contrariar o discurso claro e simples, mas enganador, da direita.
Costa deixou-se enredar por uma discussão centrada no seu programa económico e com ausência de temática de natureza política. Houve excesso de economistas e deficit de políticos.
É verdade que a campanha socialista não correspondeu ao estado que a organização nos habituou, com erros que não são admissíveis. É também certo que, antes, não foi feito tudo para unir o partido saído recentemente dumas primárias que deixaram sequelas.
O apoio implícito da direção do PS a uma candidatura presidencial, sem auscultação dos militantes, ajudou a fortalecer divisões que podiam ter sido evitadas numa altura em que todos eram necessários.
Com isto a coligação limitou-se a martelar a narrativa da pesada herança e de que tudo de mau era passado. É impossível que este discurso tenha continuidade por já não ser plausível continuar a atribuir responsabilidades a um passado longínquo e porque a situação atual ainda tem muitas sombras no horizonte.
Todos os partidos buscam no PS uma solução governativa e daí a sua responsabilidade em responder a esse desafio com uma orientação estratégica acertada e muito pensada.
Por isso é natural que Costa converse com a sua esquerda para saber da evolução programática daqueles que se colocavam fora da UE, do euro e das alianças tradicionais de Portugal. Só depois destas abordagens se poderá saber da vontade genuína de concertar posições ou tática para não se isolarem mesmo das posições da esquerda europeia.
As conversações com a coligação permitem aferir se é possível estancar os ataques ao estado social e vir a dar prioridade ao crescimento económico e combate ao desemprego.
Os tempos próximos serão férteis em movimentações políticas que poderão ou não consolidar o atual quadro de formações políticas ou abrir a outras fora da arrumação ideológica tradicional.
O PR durante o seu mandato não se colocou acima dos partidos mas permaneceu colado a quem o elegeu. Por isso não está em condições de ser um promotor do diálogo com a esquerda pela desconfiança que angariou e porque está de saída.
A solução está agora só no espaço parlamentar.

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