Opinião – O presépio

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120208 RICARDO POCINHO INVESTIGADOR DE INFORMATICA LUIS CARREGARicardo Pocinho

Quando pensamos em presépio, a maioria de nós pensa em coisas extraordinariamente boas, sobretudo porque juntamos as peças dessa representação bíblica e histórica, e o resultado é paz, harmonia e felicidade.

Contudo, dou por mim, apesar de ser crente e religioso, a pensar no presépio da atualidade…

José já não seria carpinteiro, pois para o ser teria que ter um certificado de aptidão profissional, e as escolas profissionais desvalorizam algumas profissões, entre as quais a que honrosamente tinha José.

Maria mãe de Jesus, apesar de ser a mãe do mais importante dos homens, seria responsabilizada porque teve um parto simples, sem privilegiar os grandes grupos económicos que minam o serviço nacional de saúde. Mais, o recém-nascido teria mil produtos oferecidos, seria figura de campanhas publicitárias de cremes e toalhitas, pois o que faz bem ao filho do criador, aos outros mal não fará.

A vaca, agora substituída por um qualquer sistema de climatização, viveria assustada à espera de ser encontrada um dia por um qualquer órgão de polícia criminal, mal remunerado e que com o tanto que se lhe exige, do tanto que fazem parece que não fazem nada.

O burro, espécie agora em extinção, estaria quase de certeza disponível para estar a aquecer o menino, pois apesar de no desemprego, uma milagrosa medida de contratação precária inventada por uns senhores que por aí pairam, o fariam estar disponível para quase tudo a troco de quase nada.

E o menino? Teríamos que procurar bem… pois em Portugal cada vez há menos, por culpa ou a responsabilidade de uns e outros, pois às Marias e Josés tudo se lhes exige, tudo se obriga, nada se dá e pouco se oferece.

Que houvesse magos, que em vez de ouro, incenso e mirra, trouxessem estabilidade, crescimento e emprego. Os reis hoje são outros, Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia, e também são três. O que trazem faz com que não hajam Josés, Marias ou Meninos, tentam que não possamos vender as nossas vacas, fomentam políticas para que não tenhamos os nossos meninos e criam em nós um sentimento de que a peça que falta poderia ser qualquer um dos que são humildes, honestos e trabalhadores.

Que o galo cante, que o anjo anuncie, que o país avance e que todos sejamos felizes, FELIZ NATAL.

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