Opinião – João Dixo, mestre, artista e amigo cultural

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Mário Nunes

No universo das pessoas que se cruzam no quotidiano das nossas vidas, há algumas que, pelas mais diversas razões, constroem, entre nós, laços de admiração, respeito, amizade e companheirismo, atributos que moldam a sua figura.

Está neste universo o docente e artista plástico (pintor), João Dixo. A forma como correspondia ao diálogo, atendia as solicitações, participava e organizava eventos culturais e estimulava os promotores de iniciativas de âmbito artístico/cultural, fizeram dele e para nós, um senhor de esmerada educação e simpatia, de elevada estatura social, intelectual e empreendedora.

Foram estes e outros valores semelhantes que colhemos do Dr. João Dixo, nos muitos e frutuosos encontros que tivemos e em que reunimos, analisámos e deliberámos projectos e acontecimentos que vieram a ser concretizados.

Por isso, ao lermos na comunicação social, estando em férias, a morte inesperada deste homem de cultura, da arte e do ensino, ficámos tristes, lamentando, profundamente, o desenlace precoce de alguém que será sempre recordado pelo trabalho qualitativo que produziu na área artística, pelo sentido de cooperação institucional e particular que operou, pela fecundidade da sua docência e pela disponibilidade, sempre activa, em dar o seu apoio e opinião sobre os temas e assuntos culturais que lhe eram propostos, sem esquecer as suas capacidades mobilizadoras e inovadoras.

A nossa amizade com João Dixo foi adquirida, como se compreende, através da cultura, uma fonte que alimenta e distribui as mais diferentes atitudes humanas, porque a cultura gera amizades e cimenta valores de identidade e de progresso do homem, que jamais se olvidam. Edifica pilares indestrutíveis e corporiza ideais e iniciativas que abraçam percursos de vida e são norteadores de princípios educacionais que se traduzem numa existência que jamais fenece, porque sublimada por aqueles valores.

Neste conjunto de testemunhos que avalizam a nossa amizade, sublinhamos, entre muitos aspectos, a sua presença em júris, quando presidimos ao GAAC, e, posteriormente, na vereação da Cultura da Câmara de Coimbra, dando como exemplo o monumento comemorativo, junto ao Mondego, na Portagem, alusivo aos 10 anos da morte de Miguel Torga e ao centenário do seu nascimento; as intervenções em exposições de pintura na Casa da Cultura; as opiniões escritas para catálogos de arte; os conselhos fornecidos no respeitante à qualidade de obras de arte; sem esquecer os elementos que nos forneceu sobre o conjunto escultórico das Colunas, junto da Fucoli, como projecto da ARCA/EUAC, e que incluímos no livro que elaborámos e editado pela Minerva, intitulado: “Estátuas de Coimbra”.

Por toda a amizade que nos ofertou e pelo que deu e deixou aos homens e à cultura, impõe-se nesta hora honrar a sua memória. Que descanse em paz.

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