Opinião – Igreja de Santo Estêvão em livro

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Mário Nunes

A Vila de Pereira e não Pereira do Campo como, muitas vezes e indevidamente, é designada por cidadãos e na comunicação social, recebeu para conhecimento da sua ancestralidade mais um contributo precioso – histórico, religioso e artístico – que revela a origem e o percurso centenário de um monumento emblemático daquela vila: Igreja de Santo Estêvão. Um trabalho resultante de intensa pesquisa de arquivo e de acutilante interpretação dos documentos consultados, manuscritos e impressos, bem como dos testemunhos orais das pessoas e instituições que acompanharam o trajeto do templo. Estes dados garantiram que o Dr. Correia Góis elaborasse uma monografia da matriz da Vila de Pereira. Uma obra interessante pela dimensão do conteúdo, pelas fotografias e pela contextualização associada aos anexos que sustentam toda a informação produzida pelo autor.

O livro, que inicia um projeto alusivo ao concelho de Montemor-o-Velho e que intitulou de “Rotas das Igrejas da Região do Mondego”, compagina o querer e o saber de Correia Góis e a sua paixão pela investigação, cerne dos trabalhos que escreveu e publicou, onde o território concelhio, em que nasceu, permanece terreno fértil das suas incansáveis horas de atividade científica em prol da identidade e grandeza do seu Montemor. Os leitores e estudiosos são os beneficiários deste propósito, porque “saboreiam”, numa cumplicidade entre o ideal saudável de bairrismo do autor e a libertação do seu ego em letra de forma, os valores que lhe são facultados.

O livro “Igreja de Santo Estêvão” constitui, para todos os pereirenses e para a generalidade das pessoas, uma agradável surpresa, porque pela antiguidade do templo e pelo espólio sagrado e cultural que nele existe e que inunda as páginas da obra, evidencia a pujança da Vila e o poder dos donatários, acrescida da convivência, da amizade e coragem dos antepassados que lhe doaram dignidade, respeito e fé no padroeiro, primeiro mártir da Igreja Católica. Livro, testemunho e memória de um povo que resiste, porque um povo sem memória pode viver cada dia como se não houvesse amanhã, ou, sequer, ontem, mas abdicava das raízes e da autenticidade das suas origens.

Para finalizarmos, esclarecemos os leitores, que Correia Góis inicia o trajeto histórico com algumas notas sobre a Vila de Pereira, fundação e vivência, entrando na Igreja, onde se curva respeitosamente sobre a vida de Santo Estêvão, “viola” todos os espaços sagrados para neles encontrar a mística, a arte, as devoções e os traços arquitetónicos que sustentam a matriz. Depois, vai de capela em capela a aprisionar elementos, parando em reflexão na magnífica peça artística e genealógica, a Árvore de Gissé. Entra na sacristia e sobe à torre sineira onde se maravilha com o soberbo panorama da planície banhada pelo Mondego. Embrenha-se, seguidamente, no legado de Santa Maria e nos rendimentos da igreja, escalpeliza a finalidade das visitas pastorais, inventaria os cidadãos registados nos livros paroquiais e elabora a lista dos priores e curas que paroquiaram a freguesia, culminando na atualidade.

Um livro, que para o cónego Aurélio de Campos “memoriza e otimiza nos pereirenses e curiosos da beleza e da arte, a história do templo, que através das épocas foi e continua a ser a igreja do culto dos cristãos da freguesia”.

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