Folclore de Ceira comemora Bodas de Ouro

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 Mário Nunes

Ao deambularmos pelo país encontramos em centenas de vilas e aldeias e nalgumas cidades, a existência de grupos de folclore e etnografia.

Movimentos culturais que foram fundados, maioritariamente, por iniciativa das populações, que os sustentam com o seu apoio pessoal e financeiro, grupos dirigidos por carolas bairristas com total amor e disponibilidade para abraçar os valores identitários das terras onde nasceram ou vivem.

É um movimento com caraterísticas específicas em Portugal, visto que no estrangeiro são, geralmente, os poderes instituídos ou empresariais que os validam, quantos deles em que os folcloristas são praticamente profissionais. No nosso país, onde existem mais de um milhar de grupos que movimentam centenas de milhar de pessoas, o centro da existência e vitalidade filia-se nos habitantes, porque o Estado não apoia e as Autarquias dão migalhas ou limitam-se a utilizá-los em momentos especiais, exemplo de campanhas eleitorais ou visitas políticas e semelhantes.

Coimbra possui, felizmente, um número apreciável de grupos de folclore e etnografia, que, dado o voluntarismo e saber dos seus elementos e o carinho das populações, constituem uma marca visível da prática do verdadeiro folclore. São eles que defendem e valorizam a cultura, designada pelos académicos de popular, porque não a apreciam, mas que a ela recorrem quando necessitam de elaborar determinados estudos científicos.

Entre as associações do concelho sobressai, por todos os bons motivos, o Grupo Folclórico da Casa do Povo de Ceira, fundado em 18 de Maio de 1962. Graças à tenacidade e coragem cultural, de sempre, dos habitantes, onde se recrutam os músicos da tocata, os dançarinos, o ensaiador e os dirigentes, o grupo comemora as Bodas de Ouro. Um trio de impulsionadores e primeiros diretores, Dr. Manuel Chaves e Castro, Arlindo Simões dos Santos e Victor Manuel Justo Baptista, assumiu a responsabilidade de erguer a instituição, que desde a primeira hora contribuiu, decisivamente, para a afirmação cultural e social da vila e freguesia de Ceira. Debruçou-se na recolha das tradições e costumes, cantares e modas, trajos e instrumentos agrícolas e artesanais, atividades económicas e cânticos religiosos, modelando e aperfeiçoando, com respeito pela autenticidade, a herança recebida.

Os 50 anos que festeja, estão sustentados nos galardões que recebeu, nas atuações que efetuou no país e em quase todos os países europeus, nos discos editados e na medalha de mérito cultural do Município de Coimbra, sem esquecer a filiação na FPF e na AFERM.

Por convite da direção estivemos na sessão solene. A ambição, atual e de anos, do Grupo, como expressou o presidente, Horácio Santiago, é possuir espaço para o museu etnográfico. Milhares de peças e objetos recolhidas e ofertadas aguardam oportunidade para serem expostos ao público. Tentativas várias foram infrutíferas. Quando fomos responsáveis pela cultura municipal entabulámos conversações com a Administração da Metro Mondego para cedência do armazém, desocupado, da estação de Ceira. Reuniões e troca de correspondência com responsáveis de Coimbra e de Lisboa, com conhecimento à Junta de Freguesia e Grupo, identificam a nossa teimosia. Saídos da vereação desconhecemos o decorrido posteriormente. Contudo, entendemos que o tema deve continuar vivo.

Concluímos, afirmando que o Grupo de Ceira constitui para o concelho e país um pilar cultural, que é emblema e matriz duma identidade que exige ser salvaguardada e valorizada.

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