Balanço anual

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Aires Diniz

Acontecem neste tempo entre o Natal e o Ano Novo os saldos de stocks, que se destinam a melhorar os saldos das contas de disponibilidades das empresas neste ano de “vacas magras”, algo que acontece por força de um ataque sem precedentes aos salários dos portugueses. Infelizmente, o ataque não se fica por aí. Aproveitando todas as migalhas, mas desperdiçando bons negócios como é o caso da EDP, e só porque a Troika manda, apressam-se os rapazes do PS e do PSD em destruir a estrutura centenária e até milenar das freguesias que estrutura o nosso território. Esquecem obcecadamente identidades sociais e económicas como se isso nada valesse.

Esquecem o que Manuel Sousa Pinto assim descreveu: “Desde esse dia, em que os grãos de azeite, enxameantes como abelhas alarmadas, choveram em maná sobre as mulheres que os vergastavam, passei a olhar Coimbra, Coimbra a umbrosa, Coimbra a triste, a Coimbra dos idílios passageiros, como, entre as cidades, a Virgem adolorada – a que não ficaria mal a invocação de Nossa Senhora das Oliveiras”

Também a Ramela no concelho da Guarda se identifica tradicionalmente com o seu azeite, marca geral da gastronomia local, bem associada ao Vale da Teixeira. Ao lado também a Vela, com a qual a querem misturar, também não quer deixar de assumir a sua identidade e história, tornando qualquer mescla das duas freguesias impossível. E haveria mais exemplos a juntar se para isso tivéssemos tempo. Mas, os apressados que querem fazer ver que nos governam estão aí para mostrar serviço. Mas, só conseguem dizer baboseiras como o fez o “economista” do PS, Pedro Nuno Santos, bem na esteira do estudante de filosofia em Paris, José Sócrates, o rapaz que desgovernou Portugal durante seis anos e nos encalacrou, submetendo-nos à Troika.

Entretanto, a justiça que não funciona em Portugal deixa à solta muitos arguidos ou não, mostrando como os portugueses são quotidianamente injustiçados por sobre eles cair o ónus de tapar os buracos que os poderosos foram abrindo nas nossas contas públicas e privadas. Pior ainda, sabemos pouco e com demasiado atraso dos buracos do BPP e do BPN. Tentando impedir a continuidade da investigação do caso Face Oculta, também não escapou a casa de um investigador da Judiciária, invadida por interessados para procurar provas e”provavelmente” destrui-las.

É assim numa mistura maléfica de inacção, desleixo e compadrio que se complica a nossa vida. Logo ficamos invejosos da justiça francesa no caso Chirac e da americana, pois Blagojevich foi condenado por tentar vender o cargo de senador que Barack Obama deixou ao ser eleito presidente.

De facto, se não pusermos cobro aos assaltos ao património nacional, nunca os governos deixarão de considerar urgente o “assalto” aos nossos salários e pensões.

1 – Manuel Sousa Pinto – Para onde vais, Maria?, Portugália, Lisboa, 1912, p. 171.

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