Opinião – Férias divertidas

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Aires Diniz

Este ano as férias vão ser diferentes e as grandes empresas de distribuição apostam no segmento de mercado dos que ficam em casa ou vão para as suas aldeias.

Alguns dos que frequentam cursos ainda longos repetem o que há mais de cem anos se fazia em Oliveira de Azeméis onde “o estabelecimento do “Joaquim da Botica” era muito frequentado pela rapaziada estudiosa das Universidades de Porto e Coimbra que por ali se demorava, em tempo de férias, a manter dois dedos de conversa com os fidalgos da região ou a disfrutar o proverbial mau génio do velho boticário com partidas sem conta”. 1

Agora os estudantes normais têm de usar as férias a pensar no que lhes vai acontecer quando estiverem formados e sem cheta, nem emprego. De facto, agora que a crise se agrava, o que temos a fazer é mesmo organizar tertúlias à volta de um lugar, onde não se gaste dinheiro ou fazendo passeios peripatéticos, onde se discutem ideias ou as últimas do governo atual ou do anterior. Têm muito que conversar e assim passarão umas férias divertidas.

Entretanto, a silly season está a ser mais animada pois Relvas é o tema de toda a silliness. Espero que traga os portugueses e os turistas, que nos visitam e que veem o nosso nonsense, para uma lógica, em que esta incompetência de Sócrates nos lançou, bem dentro da Estratégia de “Novas Oportunidades”, que pensávamos estar circunscrita ao ensino secundário, mas foi até à Universidade, cujo negócio é certificar o inverificável.

Estranhamente, Miguel Relvas deve ter passado sempre boas férias. Foi até protagonista das “viagens fantasmas” e em Tomar foi um homem de muitas casas. Não deixou por isso de frequentar a Igreja como o comprova uma fotografia no Facebook.

Não admira por isso toda a incapacidade de gerir o nosso quotidiano com o não saber político de qualquer pessoa impreparada por anos de má vida política. Por isso, deparamo-nos todos os dias com esquecimentos e insensibilidades de quem nos governa como aconteceu no caso da Maternidade Alfredo da Costa com Passos Coelho.

Na verdade, Passos Coelho mostra que lê todos os dias o Breviário do Neoliberalismo e aplica-o sem pensar nas consequências de o fazer. Avançou por isso para o corte inconstitucional do subsídio de férias e de natal, parecendo nada ter pensado nas consequências dos seus atos. Mas, pensando bem, está bem mal acompanhado por quem o devia aconselhar a cada momento. Mas, isso não é expectável de quem tirou o curso em 14 (?) meses, portanto sem ter aprendido nada de Ciência Política, obtendo equivalências com um currículo que, sabemos, nada tem de politicamente admissível e aceitável para poder ser relevante. E como “castigat ridendo mores”, fazendo umas férias divertidas e …baratas, teremos no final a consciência clara de que com esta gente, não vamos a lado nenhum.

Arrepiemos por isso caminho.

1 Alberto Couto – Eça de Queirós e Oliveira de Azeméis, Coimbra, 1965, p. 12.

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