Mestres que nos governam

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Francisco Queirós

Anda a Europa inteira em pânico. Há ou não referendo na Grécia? No país que inventou a democracia, um acto democrático pode pôr a Europa de pantanas.

Na Europa dos directórios, do governo da banca, ouvir um povo sobre o seu destino é perigoso e condenável. Não tarda que em nome desse super-governo se proíbam eleições, se suspenda a democracia.

Afinal, Ferreira Leite quando desabafou o seu agrado por uma breve suspensão do regime democrático estava apenas a ser visionária. A democracia está perigosamente ferida também neste nosso país Europeu governado por estrangeiros e em que um golpe anti-constitucional avança dia-a-dia pela mão de ciosos colaboracionistas.

Neste cenário histórico de um 25 de Abril ao contrário que surpreenderia o próprio Marcelo se fosse vivo, alguns jovens centuriões dão em filosofar sobre o país e o destino dos portugueses. O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, no âmbito de um seminário “Luso-brasilidade: Reflexões e Actualidade”, em São Paulo, discorreu sobre a juventude portuguesa, o seu presente e o seu destino. “O jovem desempregado em vez de ficar na zona de conforto deve emigrar”, declarou o governante português com a pasta da juventude! Fica-se na dúvida se para Miguel Mestre a “zona de conforto” é o desemprego ou o território nacional. ´

Mas o governante não deixa dúvidas quanto ao que os jovens portugueses devem fazer, neste período de crise em que não têm emprego, em que adiam compromissos como o de terem filhos ou o de saírem de casa de seus pais, em que o futuro fica congelado. Os jovens têm de deixar a “zona de conforto” e partir para o mundo! E acrescenta que o país não pode olhar para a emigração dos jovens qualificados como uma “fuga de cérebros”, mas pelo contrário, o jovem que permanecer no país que escolheu para emigrar poderá “dignificar o nome de Portugal e levar know how daquilo que Portugal sabe fazer bem”.

Não sei se o secretário da Juventude é como muitos outros “responsáveis” que conhecemos, um Frei Tomás que gosta de pregar o que não cumpre. Mas se Mestre é homem de palavra e coerente bem que podia começar por si. O Mestre não está desempregado e a sua “zona de conforto” é vasta e bem segura, mas quanta experiência e sobretudo sabedoria não poderá este homem espalhar por esse mundo!

Um membro do governo português que apela à emigração da sua juventude, à exportação de cérebros – note-se que não estão em fuga, mas numa missão civilizadora –, estará em consonância com outros velhos mestres da nossa história. Terá o homem a noção do insulto que arremessou aos jovens, aos pais dos jovens, a gerações e gerações de emigrantes, aos portugueses? Provavelmente nem terá! Será que Portugal o merece?

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