Editorial: Paulo Marques
Há uns anos, foi o episódio da “tanga”, em plena Assembleia da República. Agora, é o “desvio colossal”, soprado de dentro de uma reunião partidária.
O truque é o mesmo e traz à memória, de imediato, o registo patético dos sucessivos ministros das Finanças da Grécia, no início do documentário “Dividocracia”, há dias exibido na SIC Notícias.
Embusteiros, portanto, Durão e Passos Coelho, como o foram outros, antes, e alguns que hão-de vir. Comissários de interesses que não conseguem/não ousam desafiar. Os mesmos que alimentam a economia da dívida – que depende duma inflação do dinheiro emprestado para sobreviver. Os mesmos que enriquecem a níveis nunca vistos à custa da cobrança de juros destes empréstimos da mais descarada usura.
Na Grécia, como se sabe, a estratégia dos mais lúcidos passa por dizer a toda a gente que a “ajuda estrangeira” só serve para garantir que há dinheiro para pagar a dívida, à custa de uma política indecente de esmifrar os cidadãos.
A prazo, os gregos talvez consigam atingir um grau de indignação esclarecida semelhante ao que, no Equador, após a eleição do presidente Rafael Correa, tornou possível uma auditoria independente e internacional à dívida do país. Ou, melhor ainda, talvez consigam fazer vingar o conceito de “dívida odiosa” para, pura e simplesmente, deixarem de pagar o serviço da dívida.
Em Portugal, seguramente que nada disto sucederá. Não houve, não há nem, pelos vistos, haverá indignação generalizada. Muito menos esclarecida.
A bancarrota, porém, há-de ser evitada. Apesar de premeditada e quase concretizada por políticos do PS, PSD e CDS e pelos principais banqueiros, há-de vir aí um colossal agravamento do aperto já anunciado. Para pagar a dívida, claro está.
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