A Universidade de Coimbra escolheu um novo reitor. João Gabriel Silva. Um homem de qualidades, ao invés de Musil.

Desde logo, pelo seu pioneirismo no empreendedorismo informático, em Coimbra. João Gabriel Silva foi um dos criadores da ideia que haveria de sedimentar na Critical Software. E, vão lá três décadas, foi também o então jovem de 30 anos que desenhou e implementou o primeiro computador pessoal em Portugal – O ENER 1000.

Depois, porque é um defensor da causa ambiental de longa data. Muitos se lembram dele como dirigente e ativista da associação Quercus, na década de 1980. E, na co-incineração em Souselas, lá estava ele na primeira linha dos contestatários pelo lado “ambiental. Como recorda Alexandre Leitão, atual diplomata e antigo vereador do Ambiente, na Câmara de Coimbra, João Gabriel – que então ainda dispensava o apelido Silva – foi o “ambientalista” que mais o desafiou quando era autarca.

Ele é também investigador e professor de engenharia, que optou pela “carreira” de direção. Na sua faculdade, relançou a interatividade da escola e das suas mais-valias com o exterior, nomeadamente, com o mundo empresarial. Ali ganhou, também, um considerável número de adversários e, até, de inimigos – muito por culpa da dificuldade endémica que boa parte do corpo docente da universidade tem em acatar novas regras, novas ideias e novas lideranças e, acima de tudo, em ceder e partilhar poder.

Finalmente, porque sendo próximo do PSD, sempre soube manter distanciamento das militâncias acríticas e dos alinhamentos táticos tão comuns, nos partidos. Foi, por isso, alvo de críticas – como por exemplo quando recusou o convite de Carlos Encarnação para o cargo de provedor municipal do Ambiente e da Qualidade de Vida.

João Gabriel Silva é um homem de qualidades que o futuro vai, certamente, aferir.