Meia centena na manifestação da “geração à rasca” em Viseu

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Foram os jovens que criaram condições para a concentração da “geração à rasca” em Viseu, mas coube aos mais velhos animar a Praça do Rossio quando subiu ao palco “a terceira idade” e pediu o fim da “roubalheira aos velhotes”.

Numa tarde de chuva, foi com o “ânimo possível” que um grupo de jovens juntou umas mesas, estendeu um toldo por cima e criou o “palco da indignação”, como lhe chamaram.

Mas só quando os primeiros cartazes chegaram ao Rossio deixou de haver dúvidas sobre a realização da manifestação.

Com uma presença mais discreta os “mais velhos” escolheram os cantos da praça para esperar o início da manifestação, enquanto nas imediações do improvisado palco surgiam os primeiros jovens com cartazes onde, num deles, convidavam o primeiro ministro para “jantar no próximo Carnaval”.

A alusão era clara. Na sua última passagem por Viseu, José Sócrates viu o seu discurso interrompido pelos mesmos jovens, tendo, na altura ironizado, convidando-os para jantar, admitindo que, por ser carnaval, não levava a mal.

Algumas centenas de pessoas acabaram por se juntar em torno do pequeno palco e sucederam-se as intervenções onde se pessoas relataram as suas experiências que justificavam a presença no protesto.

O arranque foi tímido, até que João Oliveira Cruz irrompeu pelo palco assumindo-se como “a terceira idade”.

A “terceira idade está a ser roubada”, gritou João Oliveira Cruz, lembrando que ali estava “o povo” a quem pediu para “gritar bem alto que se acabe com o roubo dos reformados” e com a “destruição dos sonhos dos jovens”.

Mesmo em frente, André Carvalho, de 18 anos, lembrava à Agência Lusa porque é que estava ali e concordava: “Hoje carrego às costas o peso dos livros, mas quero contribuir, no que me for possível, para que amanhã não tenha de carregar às costas o peso do desemprego”.

Já a Katia, de 23 anos, foi ao palco para sintetizar aquilo que levou ali a maior parte da “geração à rasca”, nem mais nem menos que a “precariedade”, afirmando-se “uma jovem empenhada” mas “desempregada apesar de licenciada”.

Pelo meio do protesto, entre subidas e descidas do palco, onde diversas vozes se fizeram ouvir, o gerador avariou e foi a plenos pulmões ou de megafone em punho que se desenrascou quem quis mostrar que estava “à rasca”.

E se foi com chuva que começou a manifestação, com chuva acabou, bastante antes do previsto, por volta das 17:00, numa Praça do Rossio longe de encher, embora Paulo Agante, que falou pelo grupo organizador, afirmar que foram cumpridos os objetivos.

Já na reta final, onde a chuva empurrou os mais resistentes para fora do Rossio, ouviu-se bem alto: “Até São Pedro está a ajudar Sócrates!”.

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