Opinião: Sharing Economy

A sharing economy é atualmente uma realidade socioeconómica que agrega a partilha de recursos humanos, físicos ou intelectuais, metamorfose esta capaz de gerar um novo paradigma económico conflituante com a economia neoclássica, enfoque que considera que as necessidades humanas são ilimitadas, enquanto os recursos são finitos ou escassos.
De facto, neste tipo de economia os bens só têm valor se forem restritos. Assim sendo, para os economistas clássicos e neoclássicos a satisfação das necessidades humanas pressupõe um crescimento económico contínuo que exige a absorção de quantidades crescentes de recursos. A sharing economy critica este modelo realçando a histórica contradição entre crescimento constante e existência de recursos limitados, apresentando, como alternativa, a valorização do acesso em detrimento da posse dos recursos económicos.
Neste ambiente, não admira que a sharing economy seja atualmente considerada uma tendência em crescimento gradual, em virtude de estar vinculada à disseminação de temas associados à educação ambiental, movimento que tem impactado nos indivíduos, e gerado uma consciência mais profunda dos graves problemas sociais e ambientais da atualidade. Como a tecnologia cria o chamado efeito rede materializado na interligação de pessoas com interesses comuns, independentemente da sua geografia, acaba por viabilizar, ao nível digital, o aparecimento de uma escalabilidade inimaginável.
A sharing economy que tem implícita a ideia de consumo participativo, ou seja, um modelo baseado na troca, empréstimo e compra de produtos parcos, com o intuito de substituir e evitar a aquisição de novos produtos. Esta teoria recente tem como resultado a diminuição da produção de novos bens, impulsionando, como corolário, a redução do consumo de matérias-primas, de energia elétrica e outros inputs finitos.
A sharing economy é fruto da transformação digital que se está a desenvolver-se sub-repticiamente na sociedade, na qual os consumidores exigem um outro tipo de posicionamento às empresas, quer em termos éticos quer em termos de transparência e preservação do meio ambiente, o que significa que os utilizadores priorizam mais as experiências diferenciadas e personalizadas comparativamente com a posse dos produtos.
Por outras palavras, a essência disruptiva que move a sharing economy está associada às pessoas, que querem ser ouvidas, ser diferenciadas, ser interativas e participativas.
A tecnologia é a base em que assenta esta nova filosofia de pensar e agir. Adicionalmente, com o acréscimo gradual da segurança da informação online os indivíduos acabam por ganhar uma maior propensão para confiar naquilo que encontram na rede digital, com base sobretudo nas recomendações de outros utilizadores. Está igualmente em crescimento na sociedade uma cultura que exige o uso eficiente dos recursos como um todo e não somente limitado à área económico financeira. Tudo isto revela potencialidades para impor e desenvolver uma economia mais criativa, bem como novos modelos inovadores de negócio suportados por uma adequada base tecnológica.
Efetivamente, a sharing economy incentiva um melhor controlo de custos, a procura de parcerias a oferta de novas experiências, uma maior competitividade, uma redução de impactos ambientais negativos e no fortalecimento de comunidade, além de ativar o fator humano ao estimular as relações sociais, o diálogo e a solidariedade.
A sharing economy está deste modo materializada na troca de bens e serviços entre indivíduos através de plataformas digitais. Estas assumem-se como um ecossistema onde os múltiplos utilizadores podem compartilhar recursos, ferramentas e habilidades, sem precisarem de o seccionar. É uma economia mais voltada para a comunidade, relegando, por isso, para um plano secundário os lucros individuais. Como é baseada em plataformas digitais permite simultaneamente a criação de novos modelos de negócio, além de fomentar a maximização dos recursos disponíveis.
Neste quadro, os consumidores estão mais propensos a compartilhar recursos e habilidades com outros indivíduos e não apenas em maximizar os lucros pessoais ou empresariais. Entre os exemplos mais correntes da sharing economy incluem-se plataformas digitais como a XporY.com, organização tecnológica que possibilita às pessoas compartilhar suas habilidades e conhecimentos com outros indivíduos, técnica que viabiliza empréstimos de dinheiro mútuos sem necessidade da intervenção de bancos intermediários. Outros exemplos incluem a Uber e o Airbnb, plataformas tecnológicas viabilizam aos utilizadores compartilhar carros e casas com outras pessoas.