Opinião: Regras socioculturais australianas
Da realidade Australiana, o mais difícil de aprender tem sido as regras socioculturais implícitas, o que me faz ficar sem saber o que fazer em situações normais.
Por exemplo, quando alguém nos apresenta uma amiga, o normal é fazermos um gesto de “adeus” ou um aperto de mão com alguma distância – afável, mas sem invadir o espaço pessoal. O mais difícil é no final – por vezes espera-se um aperto de mão, um abraço, ou até um beijinho. Ao fim de 6 anos continuo a ficar atrapalhado e sem saber. Faz lembrar frequentemente de uma situação que se passou comigo no Porto: Ao sair do avião, ajudei um rapaz do sul de Itália que vinha fazer Eramus para Vila Real a chegar à estação de autocarros; quando o metro chegou à paragem dele, agradeceu-me com uma aperto de mão e 3 beijos – ele fez o “normal” para ele e fui eu que fiquei atrapalhado na mesma.
Há outras “regras” mais pragmáticas e fáceis de aprender, como nas festa de crianças: Os presentes entregam-se no início, mas só se abrem depois da festa acabar, sem convidados por perto; No meio de crianças a correr e a gritar, os pais da aniversariante chamam para cantar os parabéns, o que também assinala o final da festa – quando se acaba de comer o bolo é hora de ir embora.
Já quando vamos a casa de alguém, os sapatos tiram-se à entrada; se quisermos beber, devemos levar cerveja/vinho e à saída entregam-nos de volta o que sobrou.
Há coisas mais estranhas, como por exemplo ser comum comer apenas com garfo e ajudar com a mão, mas os guardanapos nem sempre estão a acompanhar a refeição.
E aquilo que mais falta faz durante um dia de trabalho, é sentar a tomar um café e ter uma conversa sobre política, futebol, ou outro assunto inconsequente – cá todos gostam de café, mas em modo takeaway e a falar de trabalho – talvez para evitar o peso na consciência dos 10 ou 15 min de produtividade perdida.


