Advento é uma palavra que significa vinda, chegada e aproximação. Inicialmente esta palavra era usada no contexto da visita de um rei ou imperador a uma cidade. Tratava-se de celebrar a chegada de alguém importante. Deste modo, o advento constituía-se como um tempo de preparação.
Percebe-se porque é que a liturgia católica escolhe este nome para falar do tempo que antecede o Natal. Trata-se de um tempo de preparação do coração, de arranjar espaço na nossa vida para acolher, de perceber que a nossa vida só faz sentido quando não esquecemos os outros.
Este tempo é também tempo de azáfama, de correrias, de compras, de promoções… Este é tempo de muitos jantares: serviço, amigos, família. Tempo em que o tempo parece desaparecer.
Para outros, é tempo de lágrimas, de aperto no coração… pela guerra, pela fome, perda de alguém, pela separação, pela doença, pelo desemprego, pela carteira vazia, pelas dificuldades económicas, pelo isolamento e pela solidão.
O advento há de ser tempo de aproximações. Ficamos mais próximos uns dos outros, somos mais generosos, participamos mais em campanhas e projetos de solidariedade…
Estimulados pela liturgia, no advento celebramos a aproximação do Céu à terra e de Deus à humanidade, da humanidade à humanidade… Tudo fica mais próximo.
No advento cada pessoa e comunidade é convidada a ‘arranjar’ espaço e a ser presépio para acolher a simplicidade e os mais pobres, acolher Deus-Menino feito humanidade entre nós.
José e Maria continuam a bater à porta dos corações à procura de lugar na hospedaria. O risco de não haver lugar para Ele mantém-se e a possibilidade de ter de nascer na periferia é real.
No advento celebramos Maria grávida, a dizer sim a um projeto maior… o infinito no finito, a eternidade na humanidade… trazer Deus dentro. Só uma mulher apaixonada e sonhadora, uma mulher disponível e acolhedora podia ser rosto de tão grande missão.
Maria é uma mulher entusiasmada. A palavra entusiasmo (“in theos”) vem do grego e significa ‘ter Deus dentro de si’.
Eis a marca e o maior desafio do advento – entusiasmo. Alegria, disponibilidade, atenção aos outros… porque trazemos Deus dentro. Eis a esperança que nos habita e que se quer realizar na relação.