A Suíça em 2025 percebeu algo que muitos sistemas educativos ainda resistem a admitir: o conhecimento envelhece. E depressa. Num mundo onde a inteligência artificial reescreve profissões e a tecnologia redefine o que é “saber”, o verdadeiro valor está na capacidade de aprender e, sobretudo, de desaprender. Foi essa mentalidade que transformou o país num laboratório vivo de educação contínua. Universidades, empresas e governos locais trabalham juntos para garantir que ninguém fica para trás. A ETH Zurique e a EPFL Lausanne abriram programas híbridos que cruzam engenharia com ética, IA com filosofia, tecnologia com humanidades. E, fora das salas de aula, multiplicam-se academias e centros de reskilling, onde profissionais trocam carreiras, atualizam competências e voltam a estudar aos 40, 50 ou 60 anos, sem culpa nem constrangimento. O segredo é a humildade intelectual. Os suíços compreenderam que, na era digital, diplomas são fotografias de um momento, não passaportes vitalícios. A educação deixou de ser linear e passou a ser modular, flexível e personalizada. O objetivo já não é formar especialistas fechados em gavetas de saber, mas mentes curiosas e adaptáveis, capazes de dialogar entre ciência, ética e tecnologia. Coimbra, com a sua herança académica e capacidade de gerar pensamento crítico, tem tudo para se posicionar neste novo paradigma. Mas precisa de o fazer com coragem: aproximando universidades, politécnicos e empresas, criando espaços de aprendizagem contínua e plataformas digitais que liguem talento, experiência e futuro. A Suíça mostra que o progresso nasce quando o ensino deixa de ser um ritual e se torna um ecossistema vivo de curiosidade. O futuro não será de quem sabe mais, mas de quem sabe reaprender mais depressa. E talvez esse seja o verdadeiro segredo de uma sociedade preparada para o que vem aí: aprender a desaprender