O vocabulário do carbono ou as novas palavras da crise climática
 
                                        
                                    Falar de alterações climáticas obrigou a sociedade a aprender um novo vocabulário. Conceitos antes confinados a relatórios científicos entraram no dia a dia de cidadãos, empresas e governos, tornando-se ferramentas fundamentais no debate público. Dióxido de carbono, ou simplesmente carbono, tornou-se símbolo da crise climática e base de dezenas de outras expressões que vão das metas ambientais às novas políticas económicas.
Apesar de o CO2 ser o principal responsável pelo aquecimento global, ele não é o único gás com efeito de estufa (GEE). Metano, óxido nitroso, ozono e gases florados, também contribuem para o fenómeno, no entanto, são convertidos em “carbono equivalente” (CO2 – eq), que é uma unidade que facilita medir e comparar o seu impacto.
A chamada “pegada de carbono” calcula o total de emissões geradas por um indivíduo, produto ou organização ao longo do seu ciclo de vida. Entender essa pegada permite construir caminhos para a “descarbonização”: uma redução controlada e progressiva das emissões, baseada na substituição de fontes fósseis por energias renováveis e no aumento da eficiência energética.
O vocabulário do carbono inclui ainda instrumentos políticos e económicos. A “taxa de carbono”, por exemplo, é um imposto aplicado às emissões, estimulando a transição para energias limpas. O “mercado de carbono” vai mais longe, permitindo que empresas que emitem menos vendam créditos para compensar excessos de outras — conceito central no Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE).
Projetos inovadores começaram a incorporar práticas de “sequestro de carbono” — a remoção do CO2 da atmosfera, naturalmente através de florestas ou artificialmente por tecnologias de captura e armazenamento. Alcançar o “net zero” que se traduz num balanço nulo entre emissões e remoções de gases com efeito de estufa é já o principal objetivo para muitos governos e empresas.
O panorama tornou-se tão abrangente que já são distinguidos os tipos de emissões: as “de âmbito 1” (produzidas diretamente pela organização), “de âmbito 2” (relacionadas à energia comprada) e “de âmbito 3” (decorrentes da cadeia de fornecedores e clientes).
Portugal, segue as tendências e, lançou em outubro uma plataforma nacional para o “mercado voluntário de carbono” (MVC), permitindo que empresas, autarquias e cidadãos apoiem projetos nacionais de redução e sequestro de emissões, contribuindo para que o País atinja metas mais ambiciosas.
Mais do que palavras da moda, estes termos traduzem mudanças profundas na economia, na legislação e na consciência coletiva.
Conhecer o vocabulário do carbono é entender melhor a linguagem do futuro climático, incorporar no dia a dia práticas de diminuição das emissões de gases com efeito de estufa é um dever da sociedade.
 
                            
 
                 
                 
                