Foi um dos momentos altos na cerimónia do Dia do Município de Coimbra. O escritor e político, Manuel Alegre, foi aplaudido de pé pela plateia após receber o Grande Prémio de Literatura Biográfica Miguel Torga, que distinguiu a obra “Memórias Minhas”.
Com uma “emoção particular” por receber a distinção que presta tributo ao “mestre”, frisou, Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, Manuel Alegre, de 89 anos, assumiu que o autor é uma das suas “principais referências”, tendo recordado a convivência com o escritor falecido em janeiro de 1995. “Devo a Miguel Torga o carinho com que sempre me tratou e a amizade que sempre me dedicou”, destacou.
A forte ligação a Coimbra, sobretudo na década de 60 do século XX, foi também evidenciada no discurso do poeta natural de Águeda. “Esta cidade é, para mim, mágica. Foi onde desabrochei para a escrita e para a cidadania. Vivi, nos anos 60, essa fantástica aventura em que tudo parecia mudar”, referiu.
Contemporâneo de nomes como José Afonso, António Portugal ou Fernando Correia de Oliveira viveu e participou num “momento intenso”, sublinhou, que “foi uma espécie de abril, antes de abril”. Sobre a obra premiada, “Memórias Minhas”, Manuel Alegre revelou que foi um “livro escrito com grande intensidade e alegria”. “Foi como se me escrevesse a mim mesmo”, reiterou, tendo deixado ainda um desejo: ”Espero que estas memórias minhas sejam também das de todos”.O Grande Prémio de Literatura Biográfica Miguel Torga, instituído pela Associação Portuguesa de Escritores com o patrocínio da Câmara de Coimbra, “destina-se a galardoar, anualmente, obras de autores portugueses, nos domínios como biografia, autobiografia, fotobiografias, diário, memórias, entre outros”.