“Homem maior da Faculdade de Direito e da Universidade de Coimbra” (UC), Francisco Pereira Coelho foi também “um dos nomes maiores da ciência jurídica”. A estas características, enunciadas pelo vice-reitor João Nuno Galvão da Silva –, juntaram-se muitas outras, durante a homenagem promovida pela Confraria da Rainha Santa Isabel ao seu confrade mais antigo.

Ontem, porém, foi o contributo que teve na reforma do Código Civil, em 1977, que esteve em destaque. Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud, filha de José Júlio Pizarro Beleza, colega de curso do homenageado, destacou “a elegância e a serenidade com que Pereira Coelho traçou o caminho no sentido da liberdade e da igualdade” no matrimónio, ao eliminar os condicionamentos à capacidade civil da mulher, e ao acabar com a discriminação entre os filhos nascidos do casamento e os nascidos fora dele.

Com a reforma de 1977, “desenraizou-se a desigualdade, intervindo-se onde esta começava: no seio da própria família.”

O peso dos 99 anos impediu Francisco Pereira Coelho de estar presente na cerimónia.

“Neste momento, as memórias vão escurecendo e atropelam-se umas às outras. A sua presença aqui representaria uma carga elevada de esforço”, justificou Francisco, o filho, que representou o pai na homenagem que decorreu no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

“O meu pai é um homem discreto e naturalmente avesso a estas homenagens. Ele agradeceria, mas diria não merecer. Neste momento, ele tem um conhecimento vago desta sessão. As memórias já se confundem com o seu espírito”, contou, lembrando que tem sido a fé que tem ajudado o pai, sobretudo nesta fase da vida “em que o envelhecimento se acelera”.

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