Ana Paula Martins

Ministra da Saúde em exercício e desde há décadas do círculo próximo do líder Cavaco Silva.
Tenho uma óptima opinião da farmacêutica e desde sempre líder dos sistemas de saúde. Ana Paula sofre de experiência a rodos. Esteve em todos os sectores e conheceu todo o tipo de constrangimentos e oposições. Conforme a entrevista que deu à SIC a realidade estava a ultrapassar todas as lideranças. A realidade foi uma voracidade de negócio e uma construção de necessidades e de exigências, quer dos profissionais acoitados em estruturas pululantes, quer da indústria farmacêutica, quer das escolas que formam profissionais. Os profissionais querem flexibilidade de horário, querem salários compatíveis com as responsabilidades, querem menor pressão de trabalho, produtividades menos exigentes, responsabilidade diluída por vários actores. Tudo isto encarece o sistema. A tecnologia aumenta os custos também. A má “clinical governance” é um processo de encarecer sem benefícios. No serviço nacional de saúde multiplicam-se os que se afastam dos doentes em funções burocráticas, investigadoras, construtoras de carreiras pela via de caminhos divergentes da formação de origem. Todos estes vivem de construir mais constrangimento, mais papel, mais aplicações a exigir tempo, mais comissões a pedir quadros e a gastar recursos. Há no outro lado a exigência dos doentes que descobriram uma saúde mercadejada: eles querem fazer exames e não confiam nos médicos nem nos medicamentos. Não vão ouvir opinião, vão exigir produtos e encher o carro de compras. O problema está ainda num comunicação social medíocre que não se interessa pelos dados ao dispor. É um problema transversal. Hoje debitam-se opiniões por vez de buscar os registos e os números. 1- não há falta de médicos nem de enfermeiros em Portugal. Há falta de auxiliares. 2- Há demasiadas instituições a interferir nos mesmos assuntos. 3- Houve um abafar do pequeno em favor dos grandes gestores de negócio. Os consultórios foram afogados pelas legislações sem respaldo em factos nem em dados. Os centros de saúde encareceram sem que se prove vantagem para os doentes. A rede de cuidados continuados é uma fonte de consumo de milhões de euros, ineficaz, com lamentáveis resultados em muitas vertentes, sem publicação de dados firmes: escaras criadas, participação e ensino da família, correcção de obesidades e de vidas não saudáveis. É o negócio que se ofereceu a instituições de Solidariedade Social.
Ana Paula Martins cai sobre este mundo voraz, esta realidade de perversões de comportamento, de baixos salários, de parcas exigências, de falta de exemplos e agora querem que resolva em passes de magia. A magia para corrigir a saúde tem suor, lágrimas e alguidares de dores para as corporações. A magia obriga a reduzir o apoio às carraças do SNS. Há muita verdade em muitos dos que falam, mas a maioria fala com as palas do seu quinhão, num egocentrismo tonto e ineficiente.
Incrível como Marta Temido, a braços com uma pandemia e tudo o que de desconhecido, novo e temeroso implicava foi crucificada em praça pública e agora Ana Paula Martins, a respirar incompetência por todos os poros tem este advogado de defesa.