Coimbra: Nesta casa é impossível não Acreditar

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DB-Ana Catarina Ferreira

 

Tomás recorda-se do dia em que percebeu que não estava bem. “Naquele dia, participava numa ação de voluntariado para o Banco Alimentar Contra a Fome. Senti-me mal e a minha mãe percebeu”, conta Tomás, de nove anos.

Paula escuta-o. Olha-o sempre nos olhos. Desde aquele dia em que uma médica lhe disse, de chofre, que o filho tinha um tumor no sistema nervoso central, que Paula não arreda pé.

“Fiquei sem chão. Mas não podemos desistir. Por eles. Por nós. As mães resistem enquanto podem”, afirma.

Nesta batalha diária que enfrenta há mais de um ano, Paula encontrou na Casa Acreditar uma outra família. E foi essa que também lhe deu forças para cuidar e acompanhar o filho.

“Agora esta é a nossa segunda casa”, diz.

Dentro daquelas quatro paredes, destinadas a responder à necessidade de alojamento das famílias residentes fora da região do hospital onde os seus filhos são acompanhados, há laços que se criam e que dificilmente se quebram. Como a de uma mãe, a residir nos Açores que ontem, à semelhança do que acontece todos em todos os aniversários, enviou um ramo de flores para os que tornam possível a Acreditar de Coimbra. Há alguns anos, também ela habitou aquele espaço com o filho. “Foi um final feliz”, segreda Brigitte Seixas, gestora da Casa de Coimbra da Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro.

Com capacidade para acolher 20 famílias em simultâneo, a instituição recebe crianças oriundas de vários pontos do país: em Viseu, Castelo Branco, Guarda, Açores ou Lisboa. No entanto, acolhe também famílias dos PALOP.

Desde que abriu portas, em 2010, a casa recebeu mais de mil famílias – precisamente 1030 –, para dar apoio a crianças e cuidadores que têm de sair da sua área de residência para fazer tratamentos. Só no ano passado passaram pela casa 80 famílias.

A Acreditar – que ontem celebrou 14 anos –, é um espaço onde pais, mães, filhos, encontraram uma família sem a qual não teriam sobrevivido ao sofrimento e à dúvida permanente sobre o futuro. Nesta casa mora também a esperança.

 

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