Opinião: A Estrela de Belém

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Amanhã começa o inverno. Mais precisamente, aqui no hemisfério norte, é o dia em que o percurso aparente do Sol acima do horizonte é o mais baixo do ano. Dito de outra forma, será o dia mais curto do ano com o Sol a nascer às 7:52 e a pôr-se às 17:11. Como meia hora antes do nascer do Sol já é, de facto, dia, e apenas meia hora depois do seu ocaso cai a noite, o dia terá uma duração de 10 horas e 20 minutos. Depois, cada dia será uns segundos mais longo do que o anterior e não tarda temos aí o verão.
Mas falemos de um assunto mais natalício do que o solstício. No Evangelho de São Mateus pode ler-se: «E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao verem de novo a estrela, os magos ficaram radiantes de alegria.» Embora escrito por volta de 85 d.C., e por alguém que não testemunhou o evento, o único Evangelho que faz referência à estrela de Belém alimenta ainda hoje imensos debates.
A ter sido uma estrela, a melhor hipótese é ter sido uma supernova, ou seja, a fase final, explosiva, da «vida» de uma estrela pelo menos 8 vezes mais massiva do que o Sol. Não há registos de nenhuma impressionante supernova nessa altura.
Dado que à época a palavra estrela seria também usada para outros astros, poderia tratar-se de um cometa. Aqui já temos de ser mais precisos com as datas, a começar pela do nascimento de Cristo, que se considera ter ocorrido, mais provavelmente, entre março e maio do ano 5 a.C. e não a 25 de dezembro do ano 1 a.C. (Note-se que só em 525 d.C. começámos a contar o ano 1 d.C. no 1 de janeiro depois do nascimento de Cristo, não existindo ano zero). Há, em registos chineses, um cometa que foi visível durante 70 dias precisamente a partir de março de 5 a.C. Mas, no passado, os cometas eram vistos como maus presságios e é pouco crível que este conseguisse ser exceção.
Terminamos com a hipótese da conjugação de planetas, ou seja, quando dois planetas aparecem quase alinhados no céu, podendo criar aos nossos olhos a ilusão de uma estrela brilhante. Júpiter e Saturno encontraram-se quase alinhados no céu três vezes no ano 7 a.C. ( 29 de maio, 30 de setembro e 5 de dezembro.) Ainda assim, estas conjugações não eram suficientes para dar a ilusão de uma só estrela. Já Vénus e Júpiter, estiveram bem alinhados a 12 de agosto de 3 a.C., mas a data não é a melhor.
Para além destes problemas, temos outro: uma estrela, planeta ou cometa poderiam indicar uma direção a seguir, mas nunca sobre que casa parar. Para isso seria preciso um milagre. Mas é aqui mesmo que, a meu ver, se encontra a melhor explicação. Há, na verdade, uma corrente de cientistas cristãos que procuram explicações científicas para milagres, mas confesso que nunca a compreendi. Se Deus criou o céu e a terra e gerou o Seu Filho no ventre de Maria, porque iria procurar um fenómeno natural mal amanhado para guiar os magos? A estrela de Belém, a ter existido, foi um milagre e acabou-se!

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