Opinião: Ventos de direita

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Com base nas últimas sondagens e recentes acontecimentos políticos na Suíça, parece evidente que o país prepara uma viragem significativa à direita nas próximas eleições de Outubro. A crescente insatisfação popular com as questões da imigração, segurança e economia têm impulsionado um movimento de opinião que parecer favorecer os partidos conservadores. Este desejo de mudança já foi particularmente notório nas eleições de 2019, onde os partidos de direita registaram um aumento substancial das suas bases de apoio popular. Se por um lado a Suíça é reconhecidamente uma “bolha social, económica e cultural” que não se deixa contagiar pela instabilidade crónica e dilemas políticos da UE, por outro lado, parece estar alinhada para acompanhar os ventos de direita que sopram na Europa. Ainda que uma viragem ideológica no sistema político suíço não signifique nada de radical – permanecendo a mesma imune aos populismos e ao déficit democrático das instituições – a tendência nas eleições de Outubro próximo é que o PP e o SVP reforcem a sua representação parlamentar na câmara baixa. Além dos temas da imigração, as desigualdades económicas (apesar do contexto de pleno emprego), o impacto elevado das alterações climáticas e o recente resgate do Credit Suisse têm desempenhado um papel fundamental na crescente polarização política pré-eleitoral. Apesar de um sistema de governo colegial, de governo executivo rotativo e sem poder de vetar decisões parlamentares, as eleições federais de Outubro próximo vão ditar o futuro equilíbrio de forças e configuração do próximo parlamento helvético que entre outros temas, influenciará os múltiplos acordos de cooperação com a União Europeia. A grande curiosidade nestas primeiras sondagens eleitorais é observar que ao mesmo tempo que mudanças climáticas continuam a ser uma preocupação prioritária do povo suíço – que acabou de aprovar por referendo uma nova e ambiciosa lei climática – os partidos verdes são os grandes penalizados e continuam a cair nas intenções de voto, arriscando perder a representação e influência conquistada em 2019.

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