Opinião: Rumo a um Portugal (mais) Digital

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O Índice de Digitalização da Economia e da Sociedade (DESI) é um índice que acompanha a evolução no domínio digital nos 27 países da UE, avaliando os progressos realizados em cada ano em matéria de economia e sociedade digital. Entre 2020 e 2022, Portugal subiu de 19º para 15º neste índice, algo que tem sido apontado como um indicador positivo, reconhecendo-se, contudo, que ainda há um caminho a percorrer em diversas áreas.
Muitas das dificuldades e limitações nesta evolução foram tema de discussão no recente evento “Moving Forward to a Portugal Digital”. Em análise estiveram as dificuldades que começam na heterogeneidade do nosso sector empresarial. O ritmo da digitalização das organizações é naturalmente afetado por diversos fatores como o setor onde se inserem ou a sua dimensão. De acordo com o IAPMEI, mais de 99% das nossas empresas são PME, com uma média de 3,2 pessoas, com estruturas menos preparadas para as mudanças que a transição digital exige e para quem as prioridades em matéria de digitalização tendem a orientar-se primeiro para as mudanças que permitam ganhos rápidos, com menos investimento. Para promover a intensidade digital das PME, são necessárias medidas que apoiem e incentivem mais a utilização de tecnologias e, no domínio das competências digitais, importa capacitar as camadas de gestão das empresas com competências digitais e procurar tirar mais e melhor partido dos programas de financiamento.
Entretanto, os fundos do PRR de apoio à digitalização começam a chegar ao terreno (Agendas Mobilizadoras, Polos de Inovação Digital, Bairros Comerciais Digitais, etc.) e o Portugal 2030 está em fase de arranque das primeiras candidaturas. Recorde-se que Portugal aloca 20% do PRR à transição digital e no PT2030 fará também uma aposta muito significativa nesta matéria através do Programa para a Inovação e Transição Digital (COMPETE2030 ).
Outra conclusão apresentada neste evento e que resulta de um estudo da Deloitte e da Universidade de Coimbra refere-se à utilização das TIC nas empresas para medir níveis de intensidade digital, revelando a maior produtividade das que investem em tecnologia. Nas 6000 organizações analisadas, o estudo concluiu que só 6% têm condições para integrar um cluster digital, definido como um grupo de empresas que combinam o recrutamento de recursos de TI, acesso à internet de alta velocidade ( 1 Gbps) e usam, pelo menos, tecnologias como a cloud, big data, IA, IoT, robôs ou ERP+CRM, saltando de novo à vista a diferença entre grandes empresas e PME.
Durante a pandemia foram dados passos significativos no plano da digitalização, mas persistem as dificuldades em matéria de competências e transformação digital nas PME. Existem oportunidades de financiamento sem precedentes para projetos de digitalização, mas como sempre e, tal como foi referido pelo Secretário de Estado da Digitalização, o potencial económico da transição digital não se realiza via decreto e é do lado das pessoas e das empresas que está a capacidade de transformar as instituições, a economia e a sociedade.

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