Coimbra: O domingo foi de Lázaros

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DB/Foto de Pedro Ramos

A Feira dos Lázaros regressou ontem, num domingo de sol a anunciar a primavera, e depois de um interregno de três anos motivado pela pandemia.
“Havia muitas pessoas que já sentiam falta do evento e que regressaram para matar saudades”, notou Luísa Bronze, diretora do Grupo Folclórico da Casa do Pessoal da Universidade de Coimbra, grupo que desde 1991 recria a Feira dos Lázaros.
Noutros tempos, a população dedicava este dia – no qual a Igreja recorda a ressurreição de Lázaro e acontece sempre no penúltimo Domingo antes da Páscoa –, a visitar os doentes do hospital, especialmente os que sofriam de lepra. Por isso – e como a movimentação era grande junto ao antigo hospital –, começaram a juntar-se nesse dia, no largo, os vendedores de doces, de brinquedos e de artesanato. “Os doentes faziam as “galinhas”, feitas com massa de água e farinha, e enfeitadas com penas, que os visitantes compravam e a que chamavam de “lázaros””, recordou Luísa Bronze.

Os salatinas do Bairro de Celas

A feira realizou-se até finais da década de 40, altura em que a Alta de Coimbra foi demolida para dar lugar às faculdades. A feira deixou de se realizar, regressando em 1949, então ao Bairro de Celas, organizada pelos moradores que tinham sido desalojados da Alta. Em 1996, o Grupo Folclórico de Coimbra recuperou também essa tradição.
Ontem, como outrora, não faltaram os doces e as guloseimas, brinquedos antigos, de madeira e lata, sacos feitas com retalhos de pano, cestaria, moinhos de vento.
Os mais novos (e menos novos) entretiveram-se a jogar a sorte na roleta de rebuçados; os mais velhos reviveram as bolas de serrim, os “bananis”, além das arrufadas de Coimbra, pastéis de Santa Clara, arroz doce, manjar branco.
Todavia, o produto mais característico de ambas as feiras, foram as galinhas feitas com massa de pão e enfeitadas com penas – que acabaram por ser designadas por Lázaros.
Nas duas feiras, os ecos centenários, encheram o Bairro de Celas e o Largo D. Dinis de gente e memórias antigas. Assim se cumpriu a tradição.

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