“Se não há dinheiro, não há clientes”

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DB/Foto de Miguel Almeida

“Péssimo”, “fraco”, “mau” são alguns dos adjetivos que os comerciantes de rua utilizam para descrever o negócio nesta época festiva. De um modo geral, todos eles apresentam a “falta de dinheiro” como o motivo para as poucas vendas que têm realizado.
“Nem parece Natal. As pessoas agora vão todas para os centros comerciais e a Baixa fica despida”, referiu Marisa, uma das três vendedoras de rua, que tem o seu negócio há vários anos na Avenida Central, junto à Loja do Cidadão, em Coimbra. “Desde que apareceram as grandes superfícies, que as pessoas deixam de vir para aqui, até pelo facto de não existir estacionamento ou por ser pago”, acrescentou.
Muitos dos comerciantes de rua já foram desistindo dos negócios que herdaram dos seus familiares mais velhos. Estas três comerciantes ainda vão resistindo à mudança dos tempos e vão ganhando para o dia-a-dia.
“Nunca tive um Natal assim e pouco aumentei os preços”, refere Susana Maia Mafra, outra vendedora da Avenida Central. “As pessoas evitam gastar dinheiro porque dizem-nos que o futuro vai ser difícil, mas espero que até à passagem de ano consiga vender mais qualquer coisa”, disse.
Miguel Louro vende castanhas assadas na Praça 8 de Maio há cerca de cinco anos e diz que “até na pandemia vendia mais que agora”.
“Ao fim de semana ainda vamos vendendo qualquer coisa, mas durante a semana fica muito fraco”, contou.
Noutro ponto da cidade, junto ao Bolão, Joaquim Carrilho monta a sua banca à beira da estrada onde tenta vender alguns produtos que o próprio produz da sua agricultura, mas também ele diz que o nível de vendas está “péssimo”.
“Estou aqui dias e dias e não se vende nada. Vendia muito mais no tempo da pandemia, porque parecia que as pessoas pensavam que a comida ia acabar”, disse. “Agora as pessoas preferem comprar nos supermercados, mas aqui os produtos têm outra qualidade”, acrescentou.
De uma forma geral os comerciantes de rua queixam-se que as pessoas não compram mas entendem: sabem que os portugueses têm cada vez menos dinheiro na carteira. Acreditam que o ano de 2023 será, ainda, mais difícil, mas garantem que não vão desistir. Uns porque sempre foi a vida deles e outros porque admitem não ter alternativa para conseguir o seu “ganha-pão”.

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