Opinião: Contra o medo

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No momento em que escrevo estas linhas, decorre mais uma manifestação nas ruas de Bruxelas. Diversas dezenas de milhares de pessoas expressam-se, em nome de (supostas) liberdades e direitos, contra o processo de vacinação. Sublinhe-se, vacinação esta que ainda é voluntária na esmagadora maioria dos países da UE. O som constante das sirenes e o sobrevoo dos helicópteros policiais denunciam a mais que previsível baderna e destruição, que têm, igualmente, ficado associadas a estas manifestações.

Existem motivações as mais diversas por detrás deste tipo de reações populares: filosóficas, libertárias, mas o espaço maior é ocupado pela ignorância e pela politização de algo que não deveria sê-lo. Basta atentar para os números objetivos em diversos países do mundo, e em particular na Europa, para percebermos facilmente que o negacionismo está, em regra, vinculado a democracias musculadas, cujos líderes resistem em reconhecer evidências científicas e assumir a vacinação como solução primordial. Os regimes políticos mais extremistas ou populistas são, geralmente, aqueles onde o nível de vacinação é menor e têm, nesta fase, o nível de mortalidade mais elevado.

Ao invés, e Portugal é um dos melhores exemplos, existe um comprovado nexo causal nos países onde a vacinação tem sido profusamente adotada e a redução da mortalidade por Covid. De igual forma, o número de hospitalizações em cuidados intensivos. Apesar do elevado grau de disseminação desta nova variante, não são comparáveis os efeitos nefastos a que assistimos há um ano com os atuais, pelo que a comunidade científica é cada vez mais unânime em defender que do estado pandémico se deve passar ao endémico, aligeirando as medidas restritivas individuais e coletivas que ainda se fazem sentir e cujos impactos económicos e sociais são elevadíssimos. Há uma nova normalidade com a qual temos de aprender a conviver. Os vacinados não devem ter receios, os demais devem assumir todos os encargos e ónus que essa liberdade de resistir implicará. Evidentemente!

Finalmente, e apesar de atribulada, a solução encontrada para que os confinados possam votar, no próximo domingo, tem sido reconhecida pelos especialistas como segura e confiável. Não há que ter medo, pois! Acima de tudo, há que evitar deixar entrar, pela porta dos fundos, a perversão política neste tema, porquanto é sabido (as sondagens mostram-no) que os efeitos da abstenção (pelo medo) de algumas faixas etárias não serão iguais para todos os partidos…

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