Opinião- 2022: Democracia

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Para fechar 2021, e não sem antes dedicar alguns caracteres à trends season para 2022, é pouco arriscado antecipar que o próximo ano político será um ano definidor para a ideia de democracia liberal.

A juntar à normalização do caos, indefinição e reinício que este novo normal-híbrido tem trazido às nossas vidas em geral, a tendência global para a autocracia deve mobilizar a nossa especial atenção.

O relatório do Instituto V-Dem 2021 traz um quadro realista: 68% da população mundial vive em regime autocrático e a autocracia eleitoral continua a ser o tipo de regime mais comum.

Mais preocupante é a tendência de reforço deste panorama, por si já dominante, com o nível de democracia médio per capita, em 2020, a igualar os níveis de 1990, do período final da guerra fria que polarizou o mundo durante décadas.

Este foi de resto o mote da Cimeira da Democracia liderada por Biden na semana passada.

No próximo ano é expectável o reforço deste debate e polarização com o crescente boicote ocidental aos jogos de inverno na China já no primeiro trimestre.

A pergunta que devemos fazer é se esta tendência autocrática nos diz mais sobre os ventos de proa para as autocracias ou sobre a real eficiência representativa das nossas democracias.

Ou será apenas um capítulo de readaptação aos tempos de reinvenção que atravessamos? Ou talvez apenas e só o direito democrático a fazer escolhas “erradas”. Não tenho respostas.

O que parece desafiar as democracias em 2022, também um ano de inúmeras eleições de expectativa global como França, Brasil, Hungria, Angola, ou as intermédias nos EUA, são os ventos desfavoráveis do comércio global ou das alterações climáticas que necessariamente reclamarão maior capacidade política.

Resta saber se as democracias liberais estão capazes de responder aos tempos e continuar a ser o “pior dos regimes, exceptuando todos os outros”.

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