Testes concluem que golas antifumo não se inflamam quando expostas ao fogo

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Um relatório preliminar pedido pela Proteção Civil ao Centro de Investigação de Incêndios Florestais concluiu que as golas antifumo distribuídas à população não se inflamam quando expostas ao fogo.

O relatório preliminar a que a Lusa teve hoje acesso refere que após vários testes e exames a “golas iguais às que foram distribuídas à população”, no âmbito do programa “Aldeia Segura, Pessoas Seguras”, estas “não se inflamaram, isto é, não entraram em combustão com chama – mesmo quando sujeitas a um fluxo de calor de muito elevada intensidade”.

O mesmo documento acrescenta que os testes revelaram que as golas não inflamaram “mesmo quando colocadas a uma distância inferior a 50 centímetros das chamas, durante mais de um minuto”.

Os ensaios concluíram ainda que as golas chegam a furar quando testadas a cerca de 20 centímetros das chamas, mas sem arderem.

O Jornal de Notícias noticiou na sexta-feira que 70 mil golas antifumo fabricadas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização foram entregues à população abrangida pelo programa “Aldeia Segura, Pessoas Seguras” e custaram 125 mil euros.

Após essas notícias, que já levaram à demissão de Francisco Ferreira, adjunto do secretário de Estado da Proteção Civil, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, mandou efetuar, através da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), testes e um relatório ao Centro de Investigação de Incêndios Florestais (CIIF), dirigido por Xavier Viegas.

Os testes destinaram-se “a avaliar o comportamento das golas quando expostas a um ambiente próximo de um incêndio florestal” e, “em concreto”, avaliar se inflamavam quando “sujeitas a um forte fluxo radiativo, semelhante ao de uma frente de chamas como as que ocorrem em incêndios florestais, podendo colocar em perigo o seu utente, pelo facto de entrarem em combustão”.

A ANEPC entregou um conjunto de 28 golas idênticas às que foram distribuídas à população, para a realização dos ensaios.

Os ensaios foram realizados no Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais no dia 28 de julho de 2019 e na realização dos ensaios estiveram envolvidas nove pessoas.

O CIIF refere que o documento “constitui um relatório preliminar muito sucinto, uma vez que não foram ainda analisados muitos dos parâmetros que foram objeto de medição e registo durante os ensaios”.

Uma câmara térmica registou continuamente a temperatura da amostra e os ensaios foram registados utilizando duas câmaras de vídeo e várias máquinas fotográficas digitais.

O primeiro ensaio, refere o relatório, com uma distância da gola ao cesto de um metro, verificou que “a gola estava praticamente intacta e por isso foi utilizada no ensaio seguinte.

Neste segundo ensaio, a distância foi reduzida para meio metro e no final “a gola estava praticamente intacta, mas optou-se por utilizar uma nova peça no ensaio seguinte”.

Neste, a distância foi reduzida para 30 centímetros e no final “a gola estava deformada e apresentava uma perfuração, por impacto térmico, embora não tenha entrado em combustão”.

Um ensaio seguinte, realizado a 20 centímetros das chamas, demonstrou que “a gola estava muito perfurada, embora não se tenha inflamado”.

Foram realizados ensaios complementares para analisar o comportamento das golas face ao impacto de partículas incandescentes e ao contacto com uma chama, do tipo chama de isqueiro ou de mato.

Segundo o relatório, “verificou-se que as partículas incandescentes perfuravam a gola, mas esta não se inflamava, isto é, a combustão com chama não era sustentada”.

“O contacto com uma chama viva produzia uma perfuração de maior ou menor diâmetro, mas em geral a combustão não se sustentava com chama viva. Esta situação de combustão com chama apenas ocorreu em determinadas situações de ignição com uma chama permanente e com o tecido da amostra situado praticamente na vertical”, lê-se.

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