Opinião – Inquietações

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Nestes dias de canícula extrema, o meu espírito viu-se desassossegado por umas quantas inquietações de que vos quero dar conta.

A primeira: para quando uma piscina descoberta, em Coimbra, aberta ao comum dos cidadãos e aos visitantes, de dimensão adequada ao lazer, ao divertimento e ao refrescamento? Como Coimbra já teve até ao final do século passado, junto ao estádio municipal, que se foi degradando e tornando obsoleta com o decorrer do tempo, a exigir ser substituída na sequência das obras para o euro 2004. Mas os responsáveis municipais, desde então, esqueceram essa necessidade absoluta e deram a Coimbra, na margem esquerda, um simulacro de piscina, mais parecido com um lava-pés ou banheira, tipo clube privado, sem que se perceba qual o papel do município, se é que tem algum, na sua gestão.

Faça-se a justiça de reconhecer que a maioria PS da Câmara já pensou nisso, numa daquelas noites de insónia eleitoral. E vai daí, regressou a velha ideia de uma piscina no Choupal! mas, como é sabido, quem governa a Câmara pensa as coisas sozinho, dispensando qualquer planeamento e diálogo. Porém, como ocorre com frequência arreliante, pelo menos uma das entidades que devia dar luz verde, decidiu não o fazer. Nada que atrapalhe quem manda! A ideia passou a ser uma piscina no Rebolim. Parece ser uma excelente localização. Mas será que as entidades que têm o dever legal de dar parecer foram consultadas desta vez? Será que foi feito algum estudo prévio para tal localização? Difícil acreditar, face à tradição! Assim sendo, o mais provável é que venha a haver ainda mais uma e outra alternativa. E enquanto isso, os cidadãos e os visitantes continuarão a ter apenas uma miragem durante a estação estival!

Mas já que me ocorreu olhar para o rio, chegou a segunda inquietação. Será que é seguro termos o parque verde do mondego remodelado e integralmente fruível pelas pessoas já no verão de 2019? Sim, porque, afinal, as cheias que danificaram os equipamentos foram só nos primeiros meses de 2016! Bastante pouco tempo, convenhamos, para aquilo a que nos foram habituando as obras municipais!

E estando no parque verde, surgiu-me então a terceira inquietação: será que o que pretendia ser um complexo habitacional de grande qualidade, denominado pomposamente “Jardins do Mondego” vai ser museificado? E candidatar-se a património de uma qualquer coisa, tal o estado de degradação que atingiu e o tempo já decorrido?

Se ao menos aquelas ruínas, que deviam envergonhar quem tem o poder/ dever de governar o município, servirem de exemplo aos mais jovens do que não pode, nem deve, acontecer numa cidade respeitadora da legalidade urbanística, moderna e ambientalmente saudável, a náusea que muitas e muitas pessoas sentem ao passar no local, bem como o seu protesto, não terão sido em vão!

José Augusto Ferreira da Silva escreve à segunda-feira, quinzenalmente

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