Opinião: “Uma inversão da xenofobia”

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Comecemos a falar de números interessantes: Portugal tem mais Cabo-Verdianos do que há Cabo-Verdianos em qualquer das suas ilhas. Lisboa em número de habitantes deve ser a maior cidade de Cabo-Verde. Afinal Paris já foi a segunda maior cidade de portugueses. O que gostariam de fazer os migrantes que recolhemos no Mediterrâneo? Ter um passaporte europeu e tornarem-se cidadãos europeus de pleno direito. Então Cabo-Verde podia ser uma autonomia com Portugal e construir um escândalo internacional. Construir um processo de integração que trazia benesses brutais aos Cabo-Verdianos trazendo fundos europeus para incrementar o desenvolvimento das Ilhas e dava a todos uma cidadania europeia. Parece tonto? É uma toleima muito menor que imaginar que Portugal pode integrar um milhão de Etíopes e Sírios na sua segurança social. Então o Mundo colocava-se em prece maometana a assistir a um processo inverso da tendência mundial. Dois países negociavam para serem um, gerindo autonomias claro está. Isto seria apenas tornar óbvio e legal o que já é notório. A selecção portuguesa é da qualidade que se vê com o contributo inquestionável de muitos jovens de origem Cabo-Verdiana. A literatura de língua portuguesa é mais rica porque existem Germano Almeida (prémio Camões 2018 ) José Luís Tavares. A música de origem nas ilhas tem uma força colossal no desenvolvimento imaginativo do fado através do funaná e das coladeras. O que perdiam os políticos do Sal , S. Vicente, Sto Antão, Boavista, S. Nicolau, Fogo em receber salários iguais aos da Madeira? Afinal o que temeriam eles? A democracia? A Força da Imprensa Livre? O fim das golpadas e a presença de uma justiça mais dura? O compadrio e a presença de inúmeras máfias políticas e de falhas na justiça também existem nas nossas ilhas e no Continente. É um combate que carece de transparência bancária, de menos morosidade na justiça, de melhor cultura de alguns juízes, de penalizações evidentes para a hemorragia financeira. Na realidade o movimento de agregação seria uma revolução histórica que contrariava a tendência de independências cada vez mais mínimas. Portugal deixava de ter dezenas de jovens que aqui viveram sempre e lutam com problemas de identificação documental. Eu estou convicto que a autonomia de Cabo-Verde só não se fez porque a população tinha mais melanina. Fossem brancos e eram como a Madeira e Açores e não tinham querido menos que ser europeus e viver muito melhor que a realidade de parcos recursos em que se colocaram por força de alguns políticos. A Guiné recusou a unidade com Cabo-Verde na morte do histórico PAIGC. Possivelmente o povo de Cabo-Verde sente mais proximidade à Europa que a África, sem desprimor para nenhum Continente. Nós ficamos mais ricos com a Lura, a Maira Andrade, o Tito Paris. Pioneiros de uma nova ordem mundial em desobediência aos “muros inter-nações”, aos Brexit, aos discursos mais radicais que irrompem de alguma Europa. Portugal receber e aceitar um pedido de agregação de Cabo-Verde era uma chapada política internacional e não é uma ideia minha! Ouvia de um amigo e colega de Cabo Verde. Aproveitemos para pensar a chegada de milhares de Venezuelanos/lusos que fogem de um desses escroques que se clama de esquerda. Vamos abrir uma Vénus ou um Moinho Velho em S.Vicente? O futuro português é aberto e deve ser exemplar e arrojado.

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