Opinião – Contributos (VIII): Politiquice local não rima com solidariedade social

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Gil Patrão

Estamos mergulhados numa crise económica tal que a sociedade atual não consegue estancar a pobreza em que vive mais de um quinto do nosso povo. Se nem o poder central é capaz de só por si amparar quem necessita de ajuda pública para subsistir com um mínimo de dignidade, também o poder local precisa de ajuda para minorar o sofrimento de quem não tem o bastante para satisfazer necessidades básicas, e carece duma palavra amiga que lhes traga algum alento.
A solidariedade social passa por quem, de forma misericordiosa, minora dificuldades ao povo, sendo hoje as instituições de solidariedade social (IPSS´s) tão importantes nesta ação que os Estados as reconhecem juridicamente e as tratam como elemento fundamental das mais modernas políticas sociais. A solidariedade social passa também pela redistribuição da riqueza pública criada, que o nosso governo descentraliza sabiamente nas autarquias, por estas, especialmente as Juntas de Freguesia, melhor poderem fazer chegar os apoios a quem mais precisa, devido ao melhor conhecimento que têm das situações reais, pela maior proximidade física. Entre Governo e Juntas, as Câmaras são elos fulcrais que permitem aliviar a vida aos mais desfavorecidos, mas para haver fluidez e transparência nos sistemas de solidariedade social terá de existir o mais intenso e permanente entrosamento entre as diversas autarquias concelhias.
Razão pela qual nenhuma Câmara Municipal deve discriminar IPSS´s mesmo que discorde dos dirigentes locais dalgumas, e deve atuar com transparência na redistribuição dos impostos que recebe do Estado e das taxas que cobra aos munícipes, que em parte apoiarão organizações que dependem economicamente da solidariedade doutros para ajudar quem precisa de viver com um mínimo de dignidade. Sendo os donativos do povo importantes mas não bastantes, as autarquias canalizam para as IPSS´s verbas públicas expressivas, que lhes permitem amplificar a sua ação.
Ora as autarquias têm uma aura de respeitabilidade a preservar, pelo que notícias ainda recentes sobre inexplicáveis atrasos duma Câmara na distribuição de dinheiros públicos a uma das raras Juntas de Freguesia que ostentam a bandeira de outros partidos, levam a concluir que politiquice local não rima com solidariedade social. Mas como autarcas democratas imparciais governam em proveito de todos os cidadãos, nem se quer crer que alguma vez possa ter sido outra a postura de qualquer Câmara Municipal! Assim como se espera que todos os autarcas, independentemente das ideologias e crenças que professem, não esqueçam que o apoio aos mais desprotegidos deve estar sempre no âmago das preocupações sociais de qualquer político justo.
Nas próximas eleições autárquicas serão candidatos reputados cidadãos, alguns com provas dadas na economia social, outros sem obra conhecida, podendo até concorrer quem tenha do poder local uma visão pouco esclarecida, pelo que há inúmeras questões que interessam a todos que devem ser debatidas em profundidade, e com a participação das forças vivas de cada região. E se a comunicação social realçar o percurso dos vários candidatos, o que se proporão fazer para melhorar cada terra, e se destacar a credibilidade de quem será sufragado para governar em nome do povo, quem for votar ficará mais esclarecido sobre a valia de cada um dos candidatos.
O voto expresso nas urnas deve eleger quem assume a missão de engrandecer o país. Mas se é um dos muitos que entendem que nem sempre assim acontece – por alguns eleitos favorecerem os partidos a que pertencem e pagarem favores a quem os ajuda a vencer eleições -, depende da vontade de cada um, e do querer de todos os que votarem nas próximas eleições autárquicas, que cada cidade, vila e freguesia venha a escolher, dentre os diversos candidatos às autarquias, os que pelo percurso de vida evidenciado e passado político conhecido, derem garantias acrescidas ao povo de que tal não virá a acontecer de novo.

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