Opinião – Portugal em festa!

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Gil Patrão

Gil Patrão

Em dias, passámos do sonho à loucura, por a seleção nacional ter ganho em Paris à França, “la bête noire” do nosso futebol, na final dum futebol que afinal não se fez só de empates, decorrendo este campeonato de forma tão tranquila que nem parecia que, enquanto se pontapeavam bolas em estádios repletos de pessoas, houve quem se matasse para assassinar de forma demoníaca algumas dezenas de turistas no aeroporto de Istambul, como podia ter sido em qualquer lugar que a barbárie escolhe com cuidado, para semear o terror ao longo do mundo.
Orientada por Fernando Santos, homem de grande fé, que incutiu aos jogadores o mesmo querer dos épicos magriços, a seleção sofreu, mas venceu de forma heróica em Saint-Denis, pondo Portugal em festa. A vitória alcançada em terra de tantos emigrantes exalta o ego nacional e traz ao país imensa publicidade, por força de prodígios do futebol como Ronaldo, o português mais famoso da atualidade, e quiçá de sempre, Éder e demais (e sem olvidar Eusébio, Figo e outros).
Sei que estou desacompanhado na forma de encarar um jogo que é rei de popularidade, por entender o futebol profissional como fenómeno de alienação de massas, e que não é desporto assistir a jogos que são grandes negócios à escala mundial, à volta dos quais há quem, com sofisticados esquemas e tráficos de influências, utilize um desporto tão popular para fins menos apropriados. Contudo, entendo que o futebol amador é desporto de equipa, praticado por quem joga para se divertir, melhorar de condição física e desenvolver laços de camaradagem, e comungo do sonho acalentado por gerações, de Portugal vir a ser campeão mundial de futebol.
O futebol alastra pelo mundo, fruto das tecnologias de comunicação que difundem em tempo real jogos entre equipas – às vezes sublimes – por ser fácil de entender, bonito de ver e ter a emoção resultante de vinte e dois jogadores tratarem uma bola esférica com rapidez e requintes de magia, em grandes estádios repletos de espetadores. Já em desportos em que a bola é oval o jogo é mais pausado, as regras mais complexas e as trajetórias da bola mais imprevisíveis, mas “rugby” e “american football” atraem também multidões, e há jogos com esféricos muito mais velozes, como hóquei e basquetebol, e em que as rápidas alternâncias de pontuação acarretam até maior emoção, mas que nunca entusiasmam tanto o mundo como acontece com o futebol.
Há outros desportos em que conquistamos títulos europeus, mundiais e olímpicos, mas que não enchem tanto de orgulho os peitos lusos, nem arrastam multidões para estádios, praças e para onde haja um simples ecrã que permita ver jogar a “nossa seleção” nos campeonatos europeus e mundiais de futebol, atraindo sempre estes jogos os fãs pelos melhores e piores motivos, estes últimos decorrentes de fenómenos indignos, de que o hooliganismo é o mais conhecido dos desvios do que devia ser, apenas e tão só, uma das mais espetaculares diversões populares.
Por ora o futebol findou, mas em meados de agosto regressará em força, para gáudio de quem idolatra uma modalidade que tem honras televisivas em todos os canais, e enorme destaque nalguns, em que treinadores de bancada e doutos comentadores passam horas a discutir táticas, passes, erros e desvios de arbitragens. Até lá, nestas férias de verão, haverá sol, praias e sardinhadas para ocupar as gentes, enquanto a nossa economia continuará a abrandar e alguns políticos nacionais chutarão para canto, ignorando as advertências dos “árbitros” das regras da União Europeia, e dos seus pares políticos, que querem impor sanções a Portugal, mas isto são campeonatos que não atraem lusos, pois por cá a festa vai rija, e o que mais importa é o futebol!

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