“A eutanásia deve ser debatida por um círculo restrito”, advoga Jorge Maciel

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Foto de Jot'Alves

Jorge Maciel

O presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia (SPCIR), Jorge Maciel, defende que “a eutanásia não é um tema para ser discutido na praça pública, deve ser debatido por um círculo restrito constituído por quem entende do assunto, e ser objeto de um consenso alargado”.

Jorge Maciel disse ainda, a propósito do tema lançado pela bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, que não tem conhecimento de que colegas seus tenham praticado a eutanásia. “Ando há 40 anos nisto [na medicina] e nunca vi nem tive conhecimento de que a eutanásia tenha sido praticada em hospitais. Até porque é crime”, garantiu.
Uma coisa, ressalvou, “é a eutanásia, outra coisa é prolongar o sofrimento”. Ou seja, a primeira consiste num ato médico que retira a vida ao paciente e a segunda permite, em caso de uma doença sentenciar a morte a curto prazo, deixar que o doente morra naturalmente. Jorge Maciel sublinhou que, no debate que está a ser feito, são misturadas as duas situações como se só da eutanásia se tratasse.
Aquele responsável falava ao DIÁRIO AS BEIRAS, à margem do XXXVI Congresso Nacional de Cirurgia, que está a decorrer, até amanhã, numa unidade hoteleira da Figueira da Foz, com 700 congressistas. Destes, 560 são especialistas e 150 são alunos e médicos internos. Há ainda 12 cirurgiões estrangeiros convidados. Esta é a segunda vez que se realiza nesta cidade – a primeira foi há 36 anos. Devido a este evento, alguns hotéis locais registam uma taxa de ocupação de 100 por cento.
O presidente da SPCIR garantiu que, no que respeita à especialidade, “a cirurgia está bem de saúde”. Porém, o mesmo não disse em relação à qualidade dos serviços prestados aos doentes, devido à “falta de recursos humanos e equipamentos estruturais em alguns hospitais”, contribuindo para as listas de espera na cirurgia. Jorge Maciel destacou a falta de anestesistas. Por um lado, há menos especialistas. Por outro, há cada vez mais atos médicos que necessitam de anestesia.
O secretário de Estado da Saúde, Manuel Martins dos Santos Delgado, em declarações aos jornalistas, feitas durante uma visita ao Hospital Distrital da Figueira da Foz (ver edição em papel de amanhã), reconheceu que há falta de médicos especialistas no Serviço Nacional de Saúde. “Temos de reconhecer que a anestesia é uma área muito carenciada”, disse. Contudo, acrescentou, “penso que este problema será resolvido nos próximos anos”.

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