Opinião – Morte anunciada

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Ricardo Castanheira

Ricardo Castanheira

O meu CEO, Christopher Dodd, quando confrontado com o possível desaparecimento do cinema costuma refutar, respondendo, que “todos temos uma cozinha em casa e nem por isso deixamos de ir ao restaurante para ter uma experiência totalmente diferente”. E é disso que se trata: usar a tecnologia para de modo inovador proporcionar experiências distintas aos consumidores.

Esta semana, os jornais anunciaram – uma vez mais – o despedimento de dezenas de jornalistas e mais uns tantos títulos que chegarão ao fim, em Portugal. Uma luta que vem de longe pela sobrevivência da imprensa, num tempo em que a internet mudou as nossas vidas. Mas esta morte anunciada dos jornais será inelutável?..

Ora vejamos: dois terços dos portugueses já estão ligados à internet; o número de utilizadores, em Portugal, aumentou 10 vezes nos últimos 17 anos, passando de uma penetração de 6.3% em 1997 para os 64% registados em 2014. Olhando para o perfil do utilizador ficamos a saber que há quase 100% de taxa de penetração entre os jovens dos 15 aos 24 anos e entre os indivíduos da classe social alta. Estes são os novos consumidores que consomem da forma que querem, quando querem e onde querem. Seja uma notícia, uma música, um filme ou um episódio de uma série de TV.

Em razão de mudanças tecnológicas, a produção, a distribuição e o consumo de informação, entretenimento e outros conteúdos criativos está a mudar radicalmente. Cabe às industrias da criatividade adaptarem-se e oferecerem novas experiências e novos modelos de negócio com os conteúdos que os cidadãos desejam.

Porém, ao mesmo tempo que a internet gera um sem fim de oportunidades, mata a cada dia a criatividade de milhões de autores, através da pirataria ou do acesso abusivo aos conteúdos de terceiros. Como diz um amigo brasileiro “Ninguém assiste a celular, ninguém lê tablets, ninguém ouve iPods. As pessoas assistem a filmes, lêem romances e ouvem música”. Ora, nada mais verdadeiro, pois a tecnologia é apenas um meio vazio se sem conteúdo. A experiência sensitiva, intelectual, social e cultural depende totalmente do conteúdo. E este precisa de ser mais protegido.

A resposta à pergunta acima passa, também, por saber qual o papel dos governos na proteção dos conteúdos, que representam empregos, impostos pagos e riqueza gerada?!..

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