Opinião – A razão do meu apoio a Seguro

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Victor Baptista

Victor Baptista

Em 40 anos de democracia o PS teve como Secretários Gerais: Mário Soares, Victor Constâncio, Jorge Sampaio, António Guterres, Ferro Rodrigues, José Sócrates e António José Seguro e todos eles foram candidatos a primeiros-ministros com a excepção de Seguro. Porquê?

Em 2011, após uma das maiores derrotas do PS em eleições legislativas, Seguro assumiu a liderança. Tinha um trabalho muito difícil pela frente, desde logo porque o governo PS tinha pedido uma intervenção externa e assinado o Memorando de compromissos com a Troika, que O Secretário-geral, no interesse do País, não poderia deixar de respeitar.

A margem de manobra política de Seguro, de fazer oposição, era muito apertada. Um trabalho muito difícil de fazer, até porque os portugueses, ao contrário do que alguns julgam são inteligentes e conhecem bem como o governo PS deixou o Pais: profundamente endividado; uma taxa de desemprego que ultrapassava em muito os 12%; o início de cortes de vencimentos; o aumento de impostos; e o pagamento de taxas nas SCUTS. Porém, o governo PSD/CDS, agravou ainda mais tudo isto: a dívida, o desemprego e os impostos.

A caminhada a fazer era muito difícil. Um caminho de pedras, a exigir senso, uma estratégia defensiva e, com paciência, aguardar a passagem do tempo, construindo-se paulatinamente uma alternativa credível. Foi assim que o PS se afirmou e começou a ser olhado com confiança sendo de novo a esperança dos portugueses.

Nesta caminhada, Seguro, teve pela frente dois actos eleitorais: as autárquicas e as europeias.

Nas primeiras o PS vence e convence. Tem o maior número de presidências de Câmaras de sempre e reconquista a presidência da Associação de Municípios.

Nas europeias vence eleições com mais 3,7% do que a coligação PSD/CDS e tem um dos melhores resultados eleitorais dos partidos socialistas europeus e o melhor nos países intervencionados pela Troika.

António Costa, com calculismo, fugiu ao combate interno em 2011 e 2013 e, agora, fora de tempo, cria a instabilidade no PS, com repercussão política no presente e no futuro. Aliás, as actuais sondagens são disso um exemplo, surgindo as primeiras nuvens a ofuscarem o futuro..

Importa tentar compreender o porquê, de António Costa, desejar ser agora candidato a Primeiro-ministro. As europeias fazem recordar o ditado popular: “gato escondido com rabo de fora” e foram apenas a justificação do injustificável. Na realidade teve sempre esta ambição e aguardava o momento porque:

Não sofreu qualquer desgaste político durante estes três últimos anos;

Não fez qualquer oposição ao PSD/CDS;

Não teve de apresentar quaisquer propostas;

Não teve de sofrer o desgaste interno que o esforço de unidade do Partido provoca;

Não teve de contrariar a ansiedade e ambição da militância socialista;

Não sofreu o desgaste político na escolha dos candidatos socialistas;

Não teve após o PS sair do governo de fazer o caminho das pedras;

António Costa não desconhece que o PS é um partido solidário e abriu a “caixa de pandora”.

Provocou o desgaste externo de Seguro, enquanto Secretário-geral e candidato a Primeiro-ministro. Exigiu à revelia dos estatutos eleições internas.

Seguro surpreende e com humildade propõe as Primárias. Merece o meu apoio até porque não quero mais do mesmo e sobretudo não quero de novo a governar os protagonistas que nos direccionaram às dificuldades dos dias de hoje.

 

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