É uma mulher realizada e feliz e isso percebe-se logo no início da conversa. Médica, professora e investigadora com obra feita e reconhecida sobretudo no campo da nutrição, Helena Saldanha foi pioneira no derrubar de umas quantas barreiras para as mulheres em Portugal. Há três anos, quando decidiu “descansar” de uma carreira já longa e intensa, deu largas à sua outra paixão de sempre: foi estudar História da Arte.
Mas, também entre as grandes obras de arte, da pré-história aos clássicos, passando pela contemporaneidade, foi-lhe “impossível” dispensar o olhar clínico. Decidiu então avançar para o estudo, também ele pioneiro, do cancro da mama representado na arte ao longo dos séculos. Porque, afirma, “é impossível não ver” e em obras que vão de Picasso a Rafael.
Este interesse e o estudo que se seguiu, levaram o Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa contra o Cancro a convidar Helena Saldanha para apresentar este sábado, às 18H00, no Museu Machado de Castro – numa sessão destinada a “Celebrar a Mulher” –, “A arte e o cancro da mama”.
Ao DIÁRIO AS BEIRAS, a especialista explicou que tentará “fazer a história do cancro da mama” baseando-se sempre na arte, da pré-história passando pelo Egito e pelos clássicos, até à simbologia moderna.
E lá surge de novo. inevitável, a veia clínica e o chamamento da especialidade de Helena Saldanha. “A mulher com cancro da mama tem de fazer uma alimentação rica em anticarcinogéneos – uvas, tomate maduro, laranja, cenoura, pão escuro –, porque assim torna mais eficaz a terapêutica (10 a 30 por cento), mas deve também, como promove a Liga contra o Cancro na região Centro, a ocupação pelas artes das mulheres em terapia”.
Isto é fundamental porque, evitando pensar sobre os seus problemas graves de saúde e, muitas vezes, sobre a morte, há a libertação de endorfinas, substâncias com um mecanismo similar à morfina, que estimulam o bem estar, mas também o sistema imunossupressor, o que melhora a eficácia da terapêutica. O mais que se segue, é para ouvir de viva voz.