Opinião – O que Coimbra espera de uma autarquia capaz

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HELDER RODRIGUESHélder Rodrigues

1. A grande questão que Coimbra precisa resolver

Em tempo de autárquicas surpreende-me o número elevado de partidos que se apresentam, clamando ser capazes de resolver os complexos problemas de Coimbra. Batem-se entre si, prometendo aquilo que não poderão cumprir. E fazem-no, regra geral, com uma estreiteza de propostas que raramente têm em conta a grandeza de Coimbra, a sua posição no Mundo, ao longo de séculos, e as responsabilidades daí inerentes!

Coimbra é uma cidade mítica e muito especial, que mora no coração dos portugueses. É todavia, uma cidade “a preto e branco”, com muitos problemas para resolver.

A grande questão, seja ela causa ou efeito, tem a ver com a sua perda de protagonismo, ao longo das últimas décadas!

Coimbra tem vindo, por apatia ou incapacidade, a perder gradualmente o protagonismo sobretudo a nível político e económico.

Esse facto, tem-lhe feito perder sucessivas batalhas. Na agricultura, na indústria, nas acessibilidades, no turismo, no poder de decisão.

A sua representatividade a nível nacional tem diminuído de forma dramática, e até a sua representatividade na região Centro tem sido posta em causa. E isto perante a passividade da sua população em geral e de grande parte das suas elites em particular

2. O que Coimbra espera de uma autarquia capaz

Para colocar Coimbra no lugar a que tem direito, existem pelo menos seis frentes de trabalho sério e dedicado, onde a autarquia de Coimbra deve assumir um papel activo e fundamental.

Em 1º lugar, tem que fazer o trabalho de casa, a começar pela cidade, cheia de recursos, mas onde há tanto trabalho para fazer!

Em 2º lugar, pelas freguesias que constituem o seu concelho e que tanto precisam de ser apoiadas e dinamizadas. Desde a sofredora Souselas até à freguesia mais isolada e só.

Em 3º lugar no diálogo, na cooperação, na complementaridade com os municípios vizinhos, que constituem o Distrito de Coimbra. Onde a Figueira da Foz e o Baixo Mondego ganham relevo prioritário, passando pela exemplar e progressiva Cantanhede ou pela distante e combativa Pampilhosa da Serra.

Em 4º lugar no papel activo e protagonista da dinamização da nova Região de Turismo do Centro, onde há cidades que têm lutado pela vida de forma persistente e desse trabalho recolhido frutos valiosos, que as engrandecem.

Em 5º lugar na sua internacionalização, agora catapultada pelo invejável estatuto de Património Mundial da Humanidade. Na procura de investimentos estrangeiros, na cooperação com as cidades geminadas espalhadas pelo Mundo, com as cidades Unesco onde encontrem sinergias e complementaridades.

Em 6º lugar a autarquia tem que saber dialogar com o Poder Central. Apresentar as suas razões, as suas capacidades, as injustiças, a marginalização a que tem sido sujeita. E bater o pé se for preciso, com frontalidade e determinação!

É isto que Coimbra espera de uma autarquia personalizada e capaz, que esteja à frente dos seus destinos! Uma autarquia simples com os humildes e capaz de bater o pé aos poderosos!

3. A principal missão de uma autarquia capaz

Em tempos de crise, em que os recursos financeiros são escassos e os problemas são muitos, esta é uma missão complexa mas não impossível!

A autarquia tem que ser uma entidade credível que se mova acima de tudo “pelos interesses da cidade que a elegeu”. Mas tem que trabalhar em rede; com a universidade, com as instituições e empresas, com a população em geral! Ser capaz de identificar “o que é que as pessoas podem fazer pela cidade”, cativá-las, motivá-las e envolvê-las em projectos credíveis,

Então, a população dirá: “E eu? O que é que eu posso fazer pela autarquia?”

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