Não sendo pessimista, não sou todavia capaz de comungar do otimismo de Vítor Gaspar e do Primeiro-Ministro (PM) em relação à grave situação económica que Portugal atravessa.
Recordo-me que o PM, há pouco tempo atrás, anunciava, convictamente, o ano de 2013 como o primeiro ano de retoma do crescimento económico para Portugal.
A economia portuguesa está em recessão desde 2010 e segundo os dados mais recentes do INE caiu 3,9% no primeiro trimestre de 2013, em comparação homóloga.
A previsão de uma recessão de 2,3% para o ano de 2013 está agora fortemente condicionada e o Governo será, muito provavelmente, obrigado a rever em baixa este número.
Numa altura em que a procura interna está fortemente condicionada pelas medidas de ajustamento exigidas pelos nossos credores, a única solução recai sobre as exportações, que constituem, desde 2010, a nossa “tábua de salvação”.
No entanto, com o alastrar da recessão económica para o resto da Europa, estando os nossos principais parceiros económicos, também, em recessão, e os que ainda não estão para lá caminham a passos largos, a situação de Portugal é ainda mais preocupante.
O espaço de manobra do Governo português é reduzido. Por um lado, estamos comprometidos com a troika a cumprir as metas orçamentais através de medidas de austeridade impeditivas do crescimento económico. Por outro, estamos a chegar a um ponto de insustentabilidade económica que pode ser irreversível. A barreira dos 20% de desemprego já não está longe, a dívida pública está em valores astronómicos, o crescimento económico não surge e as metas do défice não são atingidas.