O presidente executivo da empresa farmacêutica Bluepharma, Paulo Barradas Rebelo, considera que os sucessivos governos têm sido um entrave ao desenvolvimento do setor em Portugal.

“Na área comercial temos tido inúmeras dificuldades. É a área que depende da legislação portuguesa e não podíamos encontrar ambiente mais hostil do que encontrámos para desenvolver a nossa atividade”, afirmou, em declarações à agência Lusa, ao abordar o trajeto da sua empresa, criada em 2001.

Segundo o responsável, a legislação nos últimos seis ou sete anos “tem sido em catadupa a cair”, não ajudando à definição da melhor estratégica, fazendo “perder muita energia, muita produtividade e muito dinheiro”.

Aludindo às medidas governativas para baixar o preço do medicamento, como tem acontecido nos últimos dias, Paulo Barradas Rebelo considera que a sua empresa só é sustentável pelo facto de apostar fortemente nas exportações, que absorvem 70 por cento do que produz.

“Os preços não param de baixar. Tivemos em 2008 o primeiro susto, com um decreto que obrigava todas as empresas que trabalham na área dos genéricos a baixar os preços em 30 por cento. Eu nunca vi em nenhuma atividade uma obrigação destas”, sustentou.

O presidente executivo da Bluepharma diz que “não esperava que o Estado Português se comportasse desta maneira para com as empresas”, mas considera que “pior tem sido no último ano e meio, em que os preços em Portugal baixaram na área dos genéricos 43 por cento”.

Nos últimos dias, as negociações entre o Ministério da Saúde e a indústria têm estado à beira da rutura. A indústria tem manifestado disponibilidade para aceitar uma descida de 250 milhões de euros na despesa com fármacos hospitalares, em 2012, o Ministério da Saúde propôs valor superior, que os laboratórios consideram incomportável para a sobrevivência das empresas.