Mudar: um novo ciclo

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Luís Vilar

Dez dias depois das eleições legislativas, no PS, deveríamos todos fazer uma reflexão profunda interna, debatendo o que esteve mal e perspectivando uma mudança, em particular, nos principais valores ideológicos do socialismo democrático: emprego/segurança social; saúde e educação. E, naturalmente, noutras áreas de interesse para uma sociedade progressista.

Este debate interno deveria ser feito antes do acto eleitoral interno mas, uma vez mais, os militantes foram esquecidos e o interesse do colectivo foi deixado para segundo plano pelos actuais responsáveis nacionais.

Começo pela minha análise. Foi a maior derrota que o PS teve, mesmo comparando-a às legislativas de 1991 (2ª maioria absoluta de Cavaco Silva), em que o PS ainda conseguiu um pouco mais de 29%.

Significa isto que, com o camarada José Sócrates, conseguimos a maioria absoluta, em 2005, mas também a maior derrota nos últimos 20 anos. E, estou convencido que tudo começou a correr mal a partir das eleições europeias de 2009, uma vez que não houve coragem política de mudar, internamente, quer o Governo, quer uma determinada intolerância que se começou a acentuar.

Depois, durante estes 6 anos de governação, algumas reformas positivas que se iniciaram, tiveram sempre um cunho de grande voluntarismo agressivo, como aconteceu na Educação e na Saúde. E, será bom reconhecer, com humildade democrática, que ao nível de políticas de emprego não estivemos bem.

Também, e em bom abono da verdade, o trabalho reformista iniciado em 2005, foi surpreendido, 3 a 4 anos depois, pela crise financeira que iniciou nos EUA e que, rapidamente, se instalou na Europa e em Portugal, coincidente com o ano das eleições europeias/2009.

No distrito de Coimbra as eleições correram tão mal que a perca do deputado do BE não beneficiou o PS mas sim o PSD. Dado curioso: só em 1985 ou 1987 é que o PS não chegou ao quarto deputado, ou seja, há mais de 25 anos.

Claro está, não fui eu que julguei ninguém, mas sim o voto secreto soberano dos portugueses, nem tão pouco pretendo trazer, para a praça pública, o debate que deve ser feito no interior do PS.

Limitei-me a constatar factos e números, uma vez que muito terá de ser debatido no seio do PS.

Há, ainda, uma outra ilação a tirar destas eleições. Aquilo que foi uma maioria de esquerda, transformou-se numa maioria de sinal contrário, o que significa que a fidelidade do voto não é pertença de ninguém e, muitas vezes, só demérito de uns é que evidencia o mérito de outros. Em Coimbra, o deputado do BE foi, directamente, para o PSD.

Agora, teremos de optar por um dos candidatos conhecidos, o que para mim não é nada difícil de fazer.

Mudar sim, mas para um novo ciclo, o que só é possível com António José Seguro, caso contrário, seria a continuidade de algo que já foi recusado, nas urnas, pelos portugueses.

Um Novo Ciclo com debate, com determinação e com uma oposição responsável e credível.

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