Rodapés políticos

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Gonçalo Capitão

Ao voltar de uma breve incursão pela Índia “portuguesa” (Goa, Damão e Diu), ligo a televisão, leio as notícias na Internet, e assaltam-me a ideia algumas considerações dispersas que partilho com os leitores:

1 – O PSD fez uma excelente escolha em Coimbra. José Manuel Canavarro é um excelente cabeça de lista; tem experiência profissional, académica e política e é um homem de inegável craveira política. Não conhecendo o processo, atrevo-me a ver aqui uma vitória do PSD de Coimbra e de Marcelo Nuno, em particular. A manutenção de Pedro Saraiva é também de saudar, sendo mais um político daqueles que “valem a pena”, como também o é a de Paulo Mota Pinto, embora como “emigrante” (algo que também me sucedeu).

2 – Em condições de normalidade política, creio que nem os militantes do PS esperariam sondagens tão equilibradas. O desgaste normal do Governo e a crise que vivemos apontariam para uma valente “cabazada”. Todavia, as sondagens – cada vez mais exactas, tal qual os boletins metereológicos… – mostram um “xis” no totobola destas legislativas. Oxalá me engane, mas temo que o PSD venha a pagar o excesso de “aparelho” e do seu peso nas esferas dominantes.

Saí do Conselho Nacional do partido há já alguns anos, mas lembro-me do contraste entre as primeiras presenças (com pouco mais de 18 anos, pela JSD) e as últimas. Nas primeiras ouvia debates ideológicos entre figuras com pergaminhos; nas derradeiras tinha a sensação de estar numa homilia, ouvindo um coro de “ámen”, já sem algo que justificasse o título de “conselho”.

Creio que será um mal dos partidos portugueses e não antevejo melhoras. Espero bem é que não haja já “cientistas” e grupos da política laranja entretidos a conjecturar sobre um eventual insucesso de Passos Coelho.

3 – Goste-se ou não, José Sócrates é um caso de estudo da nossa política. Em situação que muito diriam complicada, dadas as situações pessoais e políticas com que se foi deparando, eis que aparece a disputar a eleição com uma força anímica e uma capacidade de comunicação que – repito, goste-se ou não – são notáveis.

4 – Enquanto os portugueses se distraem com a Liga Europa e se animam com o facto de os sacrifícios impostos pelo trio EU-FMI-BCE não serem os piores que se temeram, eu é que temo que nada aprendamos, enquanto povo, com esta crise…

 

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