P- Quando lhe perguntam a que se dedica, o que é que responde?
R- Tenho alguma dificuldade em responder, porque parece-me complicado estar a referir essas coisas todas. É sempre uma pergunta difícil de responder. Mas, atualmente, se me perguntarem isso, digo que faço produções. A produção dá para tudo.
P- Financiou a produção da sua curta-metragem e documentário?
R- Sim. Mas também fiz um programa (para televisão) sobre poesia com a Time Laps (produtora figueirense).
P- O documentário sobre o assalto ao quartel de Beja (em 1962) é uma tomada de posição política?
R- Em termos latos, sim, mas em termos específicos não fui escolher aquele tema por ser de esquerda. Apaixonei-me pela história pelo seu caráter de generosidade humana e dos valores das pessoas que põem a sua própria vida em causa por uma ideologia. Acho que faz todo o sentido mostrar que há pessoas assim. E se elas existiram no passado, continuam a existir no presente.
P- Em que atividade sente que é melhor?
R- Teria outra dimensão se me dedicasse só a uma coisa e atingiria um nível que se calhar nunca atingi naquilo que tenho feito. Os departamentos da arte e da cultura não assim tão estanques. O que acho que faço melhor é a produção. Acho que a minha maior qualidade é reunir esforços.
P- O seu ecletismo deve-se à inconformidade, à busca, à descoberta…?
R- É circunstancial, mas esta ideia de começar de novo é, para mim, bestial, sempre apaixonante. Dá alguma emoção à vida e eu gosto disso.