Opinião: As férias acabaram para António Costa

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Luís Santarino

Tudo me move a favor da democracia, nada contra a democracia. Até porque, mesmo os maiores disparates podem ser entendidos como a mais verdadeira das afirmações. Depende sempre de quem profere e nunca da forma ou conteúdo.
É um hábito que se enraizou no País, fruto de um analfabetismo militante que, muitos anos passados após o 25 de Abril ainda não se conseguiu dissipar.
Vemos hoje na sociedade portuguesa o ressurgir, como antes, de tiques ditatoriais assentes não só no medo, mas também no domínio das consciências.
A essência da democracia é o debate. O debate franco e aberto para que todos sejam escrutinados. Ora, seja em empresas, instituições de solidariedade social pouco sociais, e mesmo em instituições públicas, sejam elas autarquias ou outras, com o mau exemplo da Assembleia da República e beneplácito de líderes parlamentares, alguns “acham-se” credores de todos os poderes.
A futura liderança do PSD, seja ela qual for, pode tornar-se, se assim o desejar, numa lufada de ar fresco da política nacional.
Francamente, não sei quem irá vencer – à hora a que este artigo chega à redação ainda o debate não começou – se Rui Rio se Pedro Santana Lopes.
Numa primeira altura o coração bateu por Rui Rio. Passo a explicar.
Ao que sei, Rui Rio tinha pelos seus 26/27 anos sido convidado e integrar as listas a Deputados pelo círculo eleitoral do Porto. Recusou, também ao que sei, com o argumento que seria muito novo, que teria ainda de trabalhar noutras atividades, teria muito ainda a aprender e, após esse tempo, sim, encontrar-se-ia em condições para exercer um bom mandato em representação do seu distrito. Ao mesmo tempo, defendia a regionalização como um modelo a seguir para melhorar a prestação, por efeito do trabalho e da concorrência entre as várias regiões do País.
Mas agora, Rui Rio vem falar de descentralização, de um modelo que não existe nem nunca existirá, a não ser nas cabeças que continuam a desejar o eterno poder de Lisboa sobre o resto do todo nacional.
Inventam-se uns poderes intermédios, distribuem-se umas benesses e os eternos provincianos continuam na mesma, porque os que os “seguram” são originários eles próprios da mesma província, agora dedicados às delícias da capital! Ou seja, Rui Rio defensor da regionalização a norte, recua porque persegue e procura os votos a sul. Uma incoerência nunca é boa conselheira!
Pedro Santana Lopes continua igual a si mesmo, sem grandes comentários a fazer. A não ser, a demonstração de capacidade argumentativa que teve ao longo de meses em debate com o socialista António Vitorino.
Recolheu-se bem, não escrevi “encolheu-se”, e poderá ser o mais perigoso adversário do governo de António Costa. Principalmente, quando o grupo parlamentar do PS continua a dar “tiros nos pés” em articulação ou não com o governo.
Os debates entre os candidatos não me parece que sejam esclarecedores para os seus apoiantes e votantes. Mas parece-me que poderão ser muito esclarecedores para todas as outras forças políticas.
Sabendo a “malta da política” que, quando em perigo o PSD se consegue unir, vamos ter um período de debate político muito rico até às eleições legislativas de 2019.
As férias para António Costa acabaram e, ou muito me engano, ou a curto prazo uma remodelação governamental estará aí.

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