Adega Flor de Coimbra

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AIRES ANTUNES DINIS

Aires Antunes Diniz

Em Santa Teresa, Glória, Catete, quando estou no Rio de Janeiro, encontro sempre que vou almoçar por lá ao domingo, um pequeno jornal gratuito com o título Capital Cultural. Com colunas bem elaboradas, o número de Maio de 2013, tem um texto de Leonardo Boff, bem conhecido como Teólogo da Libertação, que a propósito de o “Papa Francisco e a Teologia da Libertação”, escreve: “Muitos se têm perguntado pelo fato de o atual papa Francisco provir da América Latina será um adepto da teologia da libertação. Esta questão é irrelevante. O importante não é ser da teologia da libertação, mas da libertação dos oprimidos, dos pobres e injustiçados. E isso ele o é, com indubitável claridade” (p. 6 ). E tudo o Brasil tem sido construído sob o lema da luta contra a opressão, gerando até uma poderosa “Pedagogia do Oprimido” com Paulo Freire, um livro que finalmente adquiri num “sebo” de rua no Recife.

Todo este jornal é construído como cultura alternativa e libertadora do Rio de Janeiro, que se quer cada vez mais limpo e transformado por um “Choque de Moralidade” liderado pelo prefeito Eduardo Pais em relação à Lapa, mas isso não o impediu que entrasse em confronto físico no dia 26 de Maio, o domingo em que estive no Rio, com um músico e escritor Bernardo Rinaldi Botkay, conhecido como Botika Botkay, num restaurante japonês. Todo o jornal está cheio de críticas construtivas e atentas ao desenvolvimento desta parte da cidade, tal como acontece com a generalidade dos jornais brasileiros, contribuindo poderosamente para um desenvolvimento económico, social e ecologicamente sustentado. Mantêm este mensário um numeroso grupo de anunciantes, em que pontifica a Adega Flor de Coimbra que é a mais antiga do Rio, servindo cabrito com arroz de brocólis, arroz e batata, bacalhau à espanhola e doce Santa Clara, toucinho-do-Céu e grande variedade de vinhos e cervejas. Anuncia.

Não admira que discutam a implantação na Glória de uma marina ou Shopping Center, um projeto do famoso empresário Eike Batista, cujos projetos são sempre assinados por um “X”, mostrando como tudo é escrutinado com rigor e transparência. Não admira que o Rio se torne cada vez mais convivial e amigo, alegrando-me com um espetáculo dominical na Praça S. Salvador, onde todos os músicos se unem para tornar tudo mais feliz num “chorinho”, fazendo a alegria dos pais e dos filhos e ainda dos vendedores de artesanato, que também publicitam no Facebook.

Estava infelizmente na hora de partir para um país, o meu, um Portugal vítima de um pacto de opressão, em que tudo se faz sem transparência e onde os políticos governantes, que o assinaram, tentam fazer e refazer a narrativa dos seus feitos. Fogem até perante a contestação que cresce e enche as ruas e usam a polícia para sua defesa para além do admissível. E isso convoca-nos para a luta de libertação contra a opressão que nos empobrece e torna miseráveis num inaceitável retrocesso civilizacional.

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