O furto de portas de água, devido ao abandono do sistema de muros e comportas do Baixo Vouga, contribuiu para o rompimento da defesa dos campos agrícolas, que estão agora salinizados, sustentou hoje a Câmara de Estarreja.
Em declarações hoje à Lusa, o presidente da Câmara, José Eduardo Matos, disse que alertou, em janeiro, a Agência Portuguesa do Ambiente (Apambiente) para os riscos da situação e nada foi feito, pelo que os arrombamentos nas margens vieram agravar uma situação que já era difícil.
O autarca confirma que os muros de proteção dos esteiros de Estarreja e Canelas abriram rombos na margem sul, provocando a invasão dos campos agrícolas do Baixo Vouga pela água salgada, o que atribui também ao desleixo das entidades com tutela na área.
“O que acontece – além do conhecido problema do dique do Baixo Vouga, que está por concluir, e da pressão exercida pelas águas do rio Vouga, enquanto decorre a construção da barragem de Ribeiradio – é que ninguém cuida das valas e das portas de água, muitas das quais foram roubadas. Há um acumular de problemas e um abandono generalizado”, descreve José Eduardo Matos.
O furto das portas de água, estruturas metálicas móveis que controlam o caudal das valas, verificou-se em vários pontos e, apesar de estarem parcialmente submersas, o facto de se encontrarem em locais isolados e sem vigilância facilitou o seu desaparecimento.
O autarca queixa-se de que, à falta de intervenção estrutural (está por concluir o dique), se junta a ausência de manutenção do sistema de valas de drenagem existentes, o que torna “o problema gritante”, para o qual tem alertado, sem obter qualquer resposta.
(Texto: Agência Lusa)