Centro Histórico da Guarda está em risco de desertificação

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O centro histórico da Guarda é rico em património histórico mas está em risco de desertificação, para desgosto de quem ali vive que gostava de ver o local novamente cheio de vida e com as casas ocupadas.

A parte antiga da cidade mais alta do país entrou em declínio, tem poucos residentes e o comércio definha de dia para dia.

O local, que é procurado pelos turistas ao longo do ano, apresenta ruas desertas e muitas casas fechadas e degradadas.

A Câmara Municipal da Guarda está a incentivar a recuperação de edifícios e a promover ações de animação, tendo também requalificado ruas, instalado serviços e incentivado a construção de um centro comercial nas imediações.

Feiras de antiguidades e colecionismo, festas dos santos populares, exposições de fotografia e ações de rua, foram algumas das atividades promovidas nos últimos anos pela autarquia, em colaboração com a Agência para a Promoção da Guarda.

O presidente da Câmara, Joaquim Valente, referiu à agência Lusa que a autarquia tem contribuído para a revitalização do centro histórico, mas apontou que qualquer processo de fixação de novas pessoas é sempre “moroso”.

Quem vive na parte mais antiga da cidade afiança que os esforços da autarquia têm sido insuficientes para que aquela área possa ter uma “vida nova”.

“As pessoas fugiram daqui porque compraram casas nos novos bairros da cidade”, explicou à agência Lusa o morador José Soares, 68 anos, que reside há 40 no centro histórico da Guarda.

O residente tem “pena” de ter perdido a vizinhança, contando pelos dedos das mãos os poucos habitantes da rua onde vive, no bairro de S. Vicente.

“Tenho pena que isto esteja assim”, lamenta o homem que recorda outros tempos quando “as ruas estavam sempre com muito movimento”.

A moradora Dulce Helena lembra que o local foi berço de muitas pessoas que “foram viver para outros lados” por não encontrarem ali as melhores condições.

Referiu que só ali residem idosos e o movimento de pessoas “já não é como antigamente”, lembrando que o local só tem “vida” quando os turistas passeiam pelas ruas.

Nas proximidades do centro histórico foi construído um centro comercial que atrai visitantes mas retira fregueses ao pouco comércio tradicional existente, segundo os comerciantes.

António Santos, 76 anos, proprietário da ?Taberna do Benfica’, contou que o novo centro comercial “pouco representa” para as casas de negócio tradicionais. Referiu que o negócio é fraco por os residentes serem poucos e “por estar tudo em crise”.

No entanto, assinalou que o centro histórico da Guarda, apesar de estar “muito abandonado”, é “muito visitado pelos turistas” que costumam entrar na sua taberna.

Manuel Fonseca, de 87 anos, dono de uma retrosaria, confirmou que a circulação de pessoas é reduzida naquele local, o que já motivou o encerramento de várias lojas comerciais.

Os comerciantes esperam que o centro histórico conheça melhores dias e que as medidas da autarquia possam dar frutos “muito rapidamente”.

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