Juntas de freguesia

Spread the love

Luís Santarino

Se me tivesse passado pela cabeça que iria assistir a uma espécie de vamos contar mentiras – comédia divinalmente interpretada, de Alfonso Paso, que eu assisti em tempos quando a televisão pública ainda passava umas peças no debate sobre a Reforma Administrativa do Estado, não me teria deslocado à Figueira da Foz. Por outro lado, ficaria imensamente triste e desiludido, porque acho que nunca me diverti tanto!

No meio daquele alvoroço, o secretário de Estado Paulo Júlio, tenho para mim, aliás bem expresso no rosto, era o que mais se divertia.

Colocou a discussão no povo. O povo foi-se reunindo por aqui e por acolá e decidiu: reformem lá o que quiserem, mas a minha freguesia… nunca!

Se eu não estivesse por dentro da coisa, acharia que aquilo mais parecia um encontro de boas pessoas que, a dado momento, se encangalhou. De repente, presidentes de junta rurais e presidentes de junta citadinos entram em grande confusão. O delírio! Pelo meio, Fátima Campos Ferreira vai dando a palavra a uns presidentes de câmara. Cada um a seu jeito, lá vai dizendo que até consideram os presidentes de junta vereadores. Não. Esta não. Não é que eu ia dando uma sonora gargalhada? Ficar-me-ia mal, eu sei…mas aliviava!

Não há regra sem excepção. Sendo que a excepção é os presidentes de câmara gostarem dos das junta, a regra é; cum caraças, lá vou eu ter de aturar aquela gente! Por isso, acabar, juntar, adicionar, somar, qualquer coisa acabada em “ar”, com as juntas é um bem nacional.

Se o povo soubesse as e das guerras que existem, sempre que se aproximam eleições autárquicas, seja pelo cabeça de lista, como pelo tesoureiro ou o vogal, despedia-os a todos.

O que o povo quer é trabalho e esperança. Sobretudo alguém que lhe transmita esperança. Está-se bem a marimbar se a sua junta fica assim ou assado!

O pequeno poder de influenciar pelo favor pedido a outrem, é a maior desgraça que aconteceu a este País de tão diminuta dimensão. Claro que não estamos a falar noutro tipo de corrupção. Nada disso. Influenciar consciências, condicionar opiniões, não; isso não é corrupção. É TERCEIRO MUNDO!

Acabar com 1500 juntas de freguesia não chega. Tem de acabar com bem mais em nome da democracia, da decência e do rigor.

As rurais dever-se-ão manter. São a única ligação dos cidadãos ao mundo. Por isso é inquestionável que se mantenham.

O porreiríssimo vai saber como se vai chamar, por exemplo, a freguesia que vai a suceder a S. Martinho do Bispo e Santa Clara, associadas a mais umas quantas de grande valor cultural… digo eu! Tenho cá uma ideia, mas como não sou daquelas bandas, eles que se entendam.

Pronto. Agora é que foi o caraças. Já não posso ser candidato a nada. Estou a ser politicamente incorrecto. Talvez. Mas não sou parvo e nem me deixo enganar.

Todos sabemos, quem anda na política há muitos anos, para que servem as freguesias e as secções dos partidos políticos. Tão só para dar poder a um bando de analfabetos que poluem de forma sistemática, a forma pedagógica de fazer política.

Não enganem mais o povo. Não merece!

5 Comments

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.