Fascínio do passado e da modernidade em Foz Côa

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Ao chegar ao Museu do Côa, os visitantes são surpreendidos, positivamente, pela arquitetura e cor do edifício, enquadrado na paisagem, sobranceiro ao rio.

“Esta é uma das paisagens mais bonitas do mundo”, comentou o primeiro-ministro, no dia da inauguração. A obra – um investimento de 18 milhões de euros – é “um hino ao respeito pela memória, pela arqueologia” e “uma afirmação de modernidade e de contemporaneidade”, considerou Sócrates.

O edifício do Museu do Côa, a escassa distância da cidade de Vila Nova de Foz Côa, foi projectado por Tiago Pimentel e Camilo Rebelo. Ocupa uma área de seis mil metros quadrados e desenvolve-se ao longo de 190 metros, dando a ideia de uma enorme pedra de xisto.

O visitante, seguindo um percurso linear, encontra três salas de contextualização e de introdução à temática exposta. A conjugação das tecnologias da informação e recursos multimedia, do desenho e da fotografia é um traço visível no suporte da apresentação dos conteúdos do museu.

Seguem-se mais quatro salas dedicadas especificamente ao tratamento monográfico da arte rupestre da zona. Nelas se encontram as réplicas de quatro gravuras, duas das quais em riscos de deterioração e as restantes submersas.

Recorde-se que a identificação das gravuras rupestres do Paleolítico, no Vale do Côa, ocorreu em 1994, nascendo a partir daí a discussão em torno da não construção da barragem que iria ocultar esse património. A UNESCO classificou, em 1998, as gravuras do Vale do Côa como Património da Humanidade.

Património da Humanidade

Como está inscrito num dos painéis informativos colocados no interior, “o Museu do Côa é o lugar de partilha de conhecimento patrimonial e artístico necessário para colocar a região a sentir que faz parte de um património que sendo da Humanidade é, em primeira instância, de quem vive na sua vizinhança”. Terá sido este sentimento que motivou já a visita de muitas pessoas do concelho, da sede e freguesias.

Contudo, os visitantes têm chegado de vários pontos do país, até porque o período de tempo que decorreu desde a inauguração até agora não permitiu, ainda, a adequada divulgação no estrangeiro ou a referenciação em guias e roteiros turísticos.

Vânia Teixeira, residente em Almada, veio visitar o Parque Arqueológico e quis conhecer o museu. “Tudo o que for para valorizar o nosso património vale a pena”, refere, quando interpelada sobre a importância deste espaço. “Acho que vai incrementar o turismo, embora não um turismo de massas face às suas características”. Embora com raízes na região duriense (os pais são naturais de Miranda do Douro), mostrou-se “agradavelmente surpreendida com esta visita a Foz Côa”.

Rui Madeira, de Santiago do Cacém, há algum tempo que manifestava interesse por conhecer as gravuras rupestres. Com a abertura do museu, a vontade de vir até ao norte do distrito da Guarda aumentou. “Apesar das verbas que envolveu, foi um bom investimento. O impacto arquitetónico é espetacular, pois pensei que o edifício fosse mais pequeno”, comentou. “A paisagem envolvente” fascinou-o, mas os acessos “deveriam ser melhorados, assim como a sinalética”.

Ao DIÁRIO AS BEIRAS, Rui Almeida, de Viseu, disse que “o edifício está bem integrado na paisagem, sendo imponente e ao mesmo tempo agreste a sua visualização à distância”.

Por outro lado, o “facto de ter sido construído num local que apenas tem vegetação rasteira, e as suas linhas e cor dão-lhe um cunho de “modernidade rústica”. “Acredito que seja um edifício que não gere consenso, no entanto eu gostei bastante”, acrescenta.

“Tenho curiosidade em conhecê-lo, não só o espaço – já soube por amigos que está muito agradável – mas também pelo seu conteúdo e especificidade”, diz Susana Beça, residente na Guarda. “Espero ir a Vila Nova de Foz Côa num dos próximos fins de semana”.

Também para Anabela Pires o espaço museológico está a suscitar alguma expetativa. “Não o conheço ainda, mas confesso que farei o possível para o visitar em breve. Tenho sobretudo interesse em dá-lo a conhecer aos meus filhos. Acho que tendo, no nosso distrito, dois patrimónios mundiais devemos alertar os jovens, futuros cidadãos, para esse valor”.

Fundação vai gerir

A Fundação para a Salvaguarda e Valorização do Vale do Côa–Côa Parque é entidade que vai gerir o museu e o parque arqueológico, por enquanto na alçada do IGESPAR. Uma decisão do governo, recebida “com surpresa” pela Associação de Amigos do Parque e Museu do Côa, “ao arrepio do que vinha sendo dito e que apontava para a criação de um modelo de gestão do tipo sociedade anónima”.

O autarca de Foz Côa não vê “inconveniente” na opção, embora entenda que “essa gestão terá de ser concertada com o poder local e com a sociedade civil da região”. Isto, na sua perspetiva, para se garantir uma resposta “às exigências que se vão colocar na divulgação do vasto património cultural existente Vale do Côa”.

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